O alarde dos porta-vozes do capital estrangeiro, sobretudo em certo tipo de mídia, de que conter e rebaixar os preços do diesel, nas refinarias da Petrobrás, implicaria na empresa – e no Tesouro – subsidiar os preços, é, numa palavra, mentira.
Os preços – e os aumentos de preços – estabelecidos pelo indivíduo que Temer colocou na Petrobrás, Pedro Parente, nada têm a ver com o preço de custo do diesel. Nada têm a ver com o que as refinarias da Petrobrás gastam para produzir diesel.
O mesmo é verdade para a gasolina e demais derivados do petróleo, também submetidos a essa política de preços criminosa.
O objetivo dessa política de aumentos diários no preço do diesel e outros produtos é aumentar a margem de lucro das multinacionais que importam derivados de petróleo e contemplar os acionistas estrangeiros da Petrobrás, às custas de saquear o país todo, o povo todo.
Por isso é que essa política consiste em atrelar o preço ao dólar e acrescentar mais uma parcela, para mantê-lo acima do preço internacional. Assim, quem importa – numa situação em que não precisamos importar – é não apenas contemplado, como tem uma margem de lucro artificial, pois é uma pilhagem à Petrobrás, aos consumidores de derivados de petróleo, em suma, a todo o povo brasileiro.
Com os aumentos continuados, Parente está mantendo os preços internos muito acima dos preços internacionais.
Já seria um absurdo se os preços vigentes no Brasil fossem, no momento, os mesmos do mercado de fora do país, ou seja, os mesmos que seriam se esses produtos fossem importados – e as refinarias da Petrobrás, assim como a própria Petrobrás, não existissem.
Pois, as refinarias da Petrobrás estão com 25%, em média, de capacidade ociosa. Para que, então, importar diesel e gasolina, se podemos refiná-los aqui dentro?
O que Parente está fazendo, nas palavras da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), é “viabilizar a importação dos concorrentes”.
Como dissemos, Parente, com os aumentos de preços do diesel e outros derivados, está aumentando brutalmente a margem de lucro das petroleiras multinacionais e de alguns parasitas internos, que importam esses produtos.
Com um preço muito maior aqui do que no exterior, as empresas estrangeiras podem comprar mais barato lá fora e vender mais caro dentro do Brasil.
Isso não seria possível, se não fossem os aumentos diários – pois o dia em que não houve aumento de preço dos combustíveis foi exceção – do preço do diesel, gasolina, gás de cozinha, etc.
Como consequência, a Petrobrás, “perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel se multiplicou por 1,8 desde 2015, a dos EUA por 3,6. O diesel importado dos EUA que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil” (AEPET, Nota sobre a política de preços da Petrobrás, 23/05/2018).
A continuação dessa nota dos engenheiros da Petrobrás é, também, interessante:
“Diante da greve dos caminhoneiros assistimos, lemos e ouvimos, repetidamente na ‘grande mídia’, a falácia de que a mudança da política de preços da Petrobrás ameaçaria sua capacidade empresarial. Esclarecemos à sociedade que a mudança na política de preços, com a redução dos preços no mercado interno, tem o potencial de melhorar o desempenho corporativo, ou de ser neutra, caso a redução dos preços nas refinarias seja significativa, na medida em que a Petrobrás pode recuperar o mercado entregue aos concorrentes por meio da atual política de preços. Além da recuperação do mercado perdido, o tamanho do mercado tende a se expandir porque a demanda se aquece com preços mais baixos” (grifo nosso).
Resumidamente, diminuir os preços nas refinarias da Petrobrás diminui (infelizmente, apenas diminui) o subsídio que a política de preços de Parente concedeu e concede às multinacionais.
Este é o motivo pelo qual o preço do diesel, na terça-feira, estava 40% acima do preço internacional, assim como, em março de 2015, no malfadado governo Dilma, chegou a 62% acima do preço internacional (cf. Extorsão nos preços do diesel começou com Dilma e o PT).
A Petrobrás foi criada, pelo presidente Getúlio Vargas, para desenvolver a nossa indústria petrolífera e romper com nossa dependência em relação aos preços do cartel multinacional das petroleiras, isto é, os “preços internacionais”. Essa dependência era, evidentemente, um dos maiores entraves ao nosso desenvolvimento.
Pois o que Parente está fazendo é tornar a Petrobrás um instrumento das petroleiras estrangeiras para que estas aumentem seus ganhos à custa do país.
Por isso, a redução dos preços não implica em qualquer “subsídio”, seja da Petrobrás, seja do Tesouro.
Implica, sim, em uma redução do subsídio concedido às empresas estrangeiras.
C.L.
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