Com a entrega da primeira refinaria do país a fundo árabe, Bahia tem o preço do combustível mais caro do país
Primeira refinaria privatizada no Brasil por Jair Bolsonaro, a refinaria de Mataripe, na Bahia, aumentou no último sábado (8) os preços da gasolina e do diesel. No caso da gasolina, houve um aumento de 9,7%, em média, para as distribuidoras. O diesel S10 teve alta de 11,3%. Já o diesel S500 teve aumento de 11,5%, de acordo com a Acelen, do fundo Mubadala dos Emirados Árabes, que hoje controla a antiga refinaria Landulpho Alves (RLAM) da Petrobrás.
Mataripe responde por cerca de 14% da capacidade de refino do Brasil. O governo Bolsonaro privatiza as refinarias da Petrobrás com a justificativa de que os preços dos combustíveis vão ficar mais baratos para os consumidores. Após a privatização, não foi o que aconteceu.
De acordo com um levantamento feito pelo Observatório Social do Petróleo e pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), “em média, ao longo do ano, a Acelen cobrou 7,7% a mais pela gasolina do que a Petrobrás. A situação é a mesma para o diesel. Em apenas 17 dias do ano, a Acelen vendeu diesel abaixo do preço da Petrobrás. Na média, a Acelen vendeu o diesel 7,4% mais caro do que a Petrobras”, diz o documento que considera dados da estatal e da Acelen até junho deste ano.
De acordo com o coordenador do estudo, Eric Gil Dantas, se a Petrobrás já tivesse privatizado todas as refinarias, conforme consta no planejamento do governo Bolsonaro para desinvestimentos da companhia, o preço médio da gasolina no Brasil este ano seria 9,5% superior ao praticado até junho. No caso do diesel teríamos um preço médio 14% superior ao que foi praticado.
O aumento de preços não é por acaso: “o único objetivo de uma empresa privada é a maximização do seu lucro”, destaca o economista.
“Quando de propriedade da Petrobrás, a RLAM (antigo nome da refinaria) cobrava preços abaixo da média da estatal, após a sua privatização, a gasolina e o diesel vendidos pela refinaria baiana viraram, em média, os maiores preços do país. Isto não ocorre por acaso. Historicamente as refinarias do país foram construídas pela Petrobrás para abastecer diferentes regiões. À exceção do estado de São Paulo, que possui três refinarias distintas da Petrobrás, todas as outras unidades são espalhadas por diferentes Estados… Elas não competem entre si, pois cada uma dá conta da sua região. Ao entregar uma refinaria para a iniciativa privada, ela herda uma estrutura de mercado de monopólio regional. Hoje Mataripe é um monopólio privado regional na Bahia e Sergipe”, explica Dantas.