Ex-Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, entregue pelo governo Bolsonaro para fundo árabe, já cobra mais caro a gasolina e o diesel do que nas 12 refinarias da Petrobrás
Sob o controle do Fundo árabe Mubadala Capital – do príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed Al Nahyan -, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, renomeada Refinaria Mataripe, tem os combustíveis mais caros que os das refinarias da Petrobrás.
A Acelen – holding do fundo árabe Mubadala – modificou a métrica e a forma de divulgação dos reajustes dos combustíveis. A mudança de cálculo dificulta a comparação com o modelo da Petrobrás e confunde o consumidor, que fica sem ter noção do aumento real, afirmou o diretor do Sindpetro Bahia, Radiovaldo Costa.
De acordo com os técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o reajuste da gasolina efetuado pela Acelen foi de 6,98% e o do diesel foi de 4,14%. Para Radiovaldo Costa, não há nada que justifique o aumento dos combustíveis, imposto pela Acelen no primeiro dia do ano de 2022, disse Costa.
“Mesmo se usarmos a lógica do PPI (Preço de Paridade de Importação) – adotado pela atual gestão da Petrobrás – não encontramos explicação para o aumento, pois não houve variação do dólar e nem do barril do petróleo neste período”, explicou.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) aponta que, se comparado com as 12 refinarias da Petrobrás, a RLAM é a que oferece ao mercado a gasolina e o diesel mais caros. Com este novo reajuste, a gasolina já ultrapassa os R$ 7,00 o litro, chegando a R$ 7,49 em alguns postos do estado.
O governo Bolsonaro privatizou a RLAM, a mais antiga refinaria do Brasil e a segunda maior do país em capacidade de processamento, no final de novembro, por US$ 1,8 bilhão. Além da refinaria, o governo entregou também ao grupo dos Emirados Árabes Unidos, 669 quilômetros de oleodutos, que ligam a refinaria ao Complexo Petroquímico de Camaçari e ao Terminal de Madre de Deus, e os terminais Candeias, Jequié e Itabuna.
Como primeiro ato de sua gestão, o fundo árabe Mubadala decidiu por não reduzir o preço da gasolina comercializada no estado, como a Petrobrás havia anunciado no dia 14 de dezembro para as suas refinarias. Além disso, a Acelen deixou de fornecer combustível a navios (conhecido como óleo bunker) por meio do Terminal Madre de Deus, principal ponto de escoamento da produção.