“Nada contra banqueiro, mas como o setor financeiro tem 5,9% de PIS/Cofins e o de serviços, que mais emprega, vai pagar 12%? Qual é a lógica disso?”, questiona o presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), João Diniz
O presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), João Diniz, fez duras críticas à proposta de Paulo Guedes de aumentar para 12% a alíquota dos impostos PIS e Cofins, criando o CBS – Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços.
“Vai ter quebradeira, vai ter desemprego. Outra coisa que chocou foi a total falta de sensibilidade de se fazer isso neste momento de crise. O setor já está combalido. Muitas empresas vão simplesmente quebrar, com consequências na economia e desemprego”, disse em entrevista ao O Globo.
O setor afirma que hoje paga, em média, 4,5% de impostos sobre operações de serviços e o aumento da carga tributária proposta pela equipe econômica de Bolsonaro vai afetar gravemente a sobrevivência do setor, além de gerar impacto sobre os preços aos consumidores.
“Como o setor de serviços representa dois terços da economia, o aumento de PIS/Cofins vai pesar de alguma forma no bolso do consumidor. O problema é que as margens de lucro das empresas estão cada vez mais baixas, principalmente do setor de serviços. Com a falta de dinheiro no mercado, as empresas vão tentar segurar o aumento, mas quem não tiver margem para isso vai quebrar”, afirmou o presidente da Cebrasse.
Perguntado sobre a justificativa de que a proposta vai “simplificar” a arrecadação, Diniz disse que há distorções no projeto e que uma contrapartida em créditos e desonerações ainda está muito obscura.
“Nada contra banqueiro, mas como o setor financeiro tem 5,9% de PIS/Cofins e o de serviços, que mais emprega, vai pagar 12%? Qual é a lógica disso?”.
No caso dos bancos, segundo a Febraban – federação dos bancos-, a tributação, de acordo com a proposta, sofrerá um aumento de 24,7%, de 4,65% (PIS/COFINS) para 5,80% (na CBS). No caso dos serviços, a alta mais do que triplica.
De acordo com o empresário, a consequência disso tudo para a economia será desemprego e aumento da informalidade.
“À medida que o setor de serviços contrata 75% da mão de obra ativa legalizada no país. A tendência é o aumento da informalidade, do trabalho sem carteira assinada, sem Previdência, sem proteção social. O aumento da informalidade é um malefício em cascata para toda a economia”.
“Como tudo vai ser decidido no voto, nosso principal dever é convencer os 513 deputados e 81 senadores o quão essa carga tributária está sendo injusta com o setor que mais emprega no país”, concluiu.