A nova secretária especial da Cultura, a atriz Regina Duarte, disse que “facção que quer ocupar esse lugar, que quer que eu me demita” criou “intrigas, fake news e acusações não verdadeiras”.
“Já tem a hashtag #ForaRegina, e eu nem comecei”, observou a secretária em entrevista concedida ao programa “Fantástico”, da Globo.
Assim que assumiu o cargo, Regina fez exonerações e indicações que foram criticadas pelos bolsonaristas. Pela demissão de Dante Mantovani, que acredita que o rock leva ao satanismo, da presidência da Fundação Nacional das Artes (Funarte), ela foi atacada pelo astrólogo Olavo de Carvalho.
“Aplaudir a indicação da Regina Duarte parece ter sido uma cagada minha, mais uma entre tantas. Não sei onde vou arranjar tanto papel higiênico”, publicou o guru de Bolsonaro em suas redes sociais.
A atriz lamenta “ter perdido tanto tempo desfazendo intrigas que foram criadas, fake news, acusações não verdadeiras a respeito da proposta, da equipe que está comigo”.
“Na verdade, a gente começa a trabalhar na semana que entra, porque até aqui estivemos ocupados com enormes dificuldades de toda uma facção que quer ocupar esse lugar, que quer que eu me demita, que quer que eu me perca”, continuou.
“Essa semana eu estive lá tentando apagar alguns incêndios que as nomeações e as exonerações provocaram, como se fosse a primeira vez na vida que em política alguém entrasse para gerenciar uma pasta pública e fizesse esse tipo de coisa. Exonerações são necessárias, eu quero ter uma equipe na qual eu possa confiar”.
O ministro-chefe da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, Luiz Eduardo Ramos, respondeu a Regina Duarte, afirmando que “o uso do termo ‘facção’ em entrevista, sem nomear seus supostos integrantes, dá a entender que há divisões inexistentes e inaceitáveis em nosso governo”.
Além disso, defendeu que “são seus ministros e secretários que devem se moldar aos princípios publicamente defendidos pelo Presidente da República, não o contrário”.
FUNDAÇÃO PALMARES
Durante a entrevista, Regina Duarte comentou sobre o indicado por Jair Bolsonaro para a presidência da Fundação Palmares, que integra a Secretaria Especial da Cultura, Sérgio Camargo, conhecido por atacar o movimento negro e deslegitimar a luta antirracista no país.
Para ela, o indicado por Bolsonaro “é um ativista, mais do que um gestor público. Eu estou adiando esse problema porque é uma situação muito aquecida”. A secretária disse que quer “que abaixe um pouco a temperatura e logo, logo a gente vai ver”.
Sérgio Camargo respondeu através de seu Twitter, desacatando Regina. “Bom dia a todos, exceto a quem chama apoiadores do Bolsonaro de facção e o negro que não se submete aos seus amigos da esquerda de ‘problema que vai resolver’”, publicou.