Os dados de vacinação das três filhas de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, são falsos em relação à data, local de aplicação e até mesmo tipo de imunizante, afirmou Polícia Federal, indicando inserção ilegal das informações no sistema do Ministério da Saúde
Segundo o cartão de vacinação, as três filhas de Cid foram imunizadas com três doses, duas de Pfizer e uma de Janssen, entre junho e novembro de 2021. Elas tinham, na época, 5, 14 e 18 anos.
A presença de uma dose da Janssen na carteira de vacinação de três menores de idade em novembro é estranho, porque o imunizante só foi liberado para pessoas com mais de 18 anos.
As vacinas teriam sido aplicadas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, mas mensagens no Whatsapp de Mauro Cid, obtidas pela PF, mostram que suas filhas estavam em Brasília.
No caso da mais nova, que tinha 4 anos na época em que supostamente foi imunizada, todas as doses que supostamente foram aplicadas tiveram erros.
Quando ela já tinha três doses, o Brasil estava começando a vacinar as crianças, mas com idade superior à dela.
Foi somente em setembro de 2022 que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou doses de Pfizer para crianças com 4 anos ou menos.
Outro ponto levantado pela PF é o fato de que a cidade de Duque de Caxias só começou a vacinar seus jovens meses depois que as três filhas de Mauro Cid foram, de acordo com os cartões de vacinação, imunizadas.
Importante destacar é que Mauro Cid era um carrega-mala de Bolsonaro e não fazia nada sem que o chefe não mandasse. Ele não tinha autonomia para fazer qualquer coisa que fosse sem o conhecimento do “mito”, como destacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em seu despacho autorizando a operação da PF contra Cid e Bolsonaro.
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, foi preso pela Polícia Federal por fazer parte da organização criminosa que fraudou dados do Ministério da Saúde para conseguir certificados de vacinação contra Covid-19, sem que as pessoas tenham se imunizado.
Em sua casa, a Polícia Federal encontrou os certificados de vacinação de Cid e seus familiares emitidos a partir da fraude.
Os agentes também encontraram US$ 35 mil e R$ 16 mil, que somam quase R$ 190 mil.
O esquema contou com o secretário de Saúde de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha, que inseriu os dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
O grupo também inseriu a informação de que Jair Bolsonaro teria se vacinado contra Covid-19, o que ele próprio diz ser mentira. Depois que os certificados de vacinação do ex-presidente foram emitidos, outro membro do grupo excluiu as informações do sistema alegando “erro”.
Assim como as filhas de Mauro Cid, Jair Bolsonaro sequer estava em Duque de Caxias quando as vacinas estavam sendo, supostamente, aplicadas.