Ao que tudo indica, Wilson Witzel, que disputa o segundo turno com Eduardo Paes no Rio de Janeiro, não é tão neófito e tão inocente assim na política, como ele diz. Segundo Lauro Jardim, do “Globo”, ele teria ligações estreitas com o empresário Mário Peixoto, um dos maiores prestadores de serviços do Rio e também um dos maiores pagadores de propinas do estado. Segundo Jardim, Witzel, além das ligações com Peixoto, esteve também em 2016 com Sérgio Cabral para pedir apoio e com Pezão antes da campanha. O juiz confirma a reunião com Cabral mas nega que tenha pedido apoio.
A relação mais íntima, e ainda não explicada, de Witzel é com Mário Peixoto. Com o PMDB no poder, a principal empresa de Peixoto amealhou contratos com o estado que somam mais de 1 bilhão de reais. Peixoto comanda empresas de prestação de todos os tipos de serviços – de auxílio administrativo e operacional nas UPAs, passando por limpeza, vigilância e até auditoria contábil. Peixoto teria ajudado a elaborar o programa de governo de Witzel.
Segundo o advogado Jonas Lopes de Carvalho Neto, filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), Mário Peixoto era responsável pelo pagamento de um “mensalão” de 200 mil reais aos conselheiros responsáveis por aprovar as contas das Organizações Sociais, que prestavam serviços. Mario Peixoto é sócio do deputado Paulo Melo, presidente da Assembleia Legislativa do RJ, e do presidente do PMDB, Jorge Picciani; ambos foram padrinhos de casamento do empresário em festa de luxo na Itália.
No debate da Globo, ocorrido nas vésperas do 1º turno da eleição do Rio, uma cena passou despercebida. O senador Romário perguntou ao ex-juiz Wilson Witzel se ele conhecia Mário Peixoto. “Você conhece o Mário Peixoto, que lhe ajudou a fazer seu plano de governo?”, perguntou o baixinho. De bate pronto Witzel pediu direito de resposta. Romário rebateu: “Eu nem perguntei e já tá pedindo direito de resposta, pô?” (gargalhada geral).
O juiz Witzel responde a um processo no CNJ por haver se ausentado do país em 2014 para viajar à Europa, contrariando uma proibição da Corregedoria de Justiça. A viagem teria sido feita em 2014 para participar de uma festa na Itália. Mesma data do casamento de Mário Peixoto. Tanto Lauro Jardim quanto Romário afirmaram que Mário Peixoto, teria ajudado o juiz na elaboração de seu programa de governo. Ele ainda não deu explicações convincentes sobre essas estranhas ligações com Mário Peixoto.