Jair Bolsonaro, que organizava rachadinha em seu gabinete, estimulando a mesma prática nos dos filhos, disse que “estamos completando três anos sem uma denúncia sequer” de corrupção no governo federal.
Trata-se de uma grande mentira, pois além de haver corrupção, Bolsonaro age para escondê-la, como prova esse seu discurso.
No pronunciamento feito em uma reunião da mal chamada “Cúpula pela Democracia”, Bolsonaro disse, ainda, que seu governo adotou “o mais ambicioso e abrangente plano anticorrupção da história desse país”.
Por sinal, se fosse realmente cúpula pela democracia, Bolsonaro nunca deveria ser chamado a participar dela porque todos sabem que ele é avesso à democracia e fanático pelos golpes, ditadura e tortura.
“Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil”, disse ele em entrevista no programa Câmara Aberta, em 1999, da TV Bandeirantes.
Voltando ao tema da corrupção, ele continuou dizendo na cúpula que “a luta contra a corrupção também constitui prioridade permanente, tanto é que estamos completando 3 anos sem uma denúncia sequer em nosso governo, ao contrário do que ocorria em anos anteriores”.
Bolsonaro foi denunciado por praticar desvio de dinheiro público através das famigeradas rachadinhas em seu gabinete quando era deputado federal. A prática de apropriação indevida dos salários, em parte ou todo, dos funcionários foi instalada nos gabinetes dos seus filhos Flávio e Carlos.
Flávio se livrou, por enquanto, das investigações graças ao entendimento questionável dos tribunais superiores de que ele teria foro privilegiado para ser julgado. E não porque seria inocente das acusações.
No discurso feito a líderes internacionais, Bolsonaro ocultou os escândalos de corrupção no Ministério da Saúde durante a pandemia. Vários casos foram denunciados pela CPI da Covid-19.
Os indicados de Jair Bolsonaro no Ministério pediram e receberam propina em contratos firmados durante a pandemia. Um diretor do Ministério, Roberto Dias, teve boletos seus pagos por uma empresa contratada para fazer a logística da Saúde no Brasil.
Roberto Dias também atuou, com outros da cúpula do Ministério, para conseguir a compra da vacina Covaxin através de uma empresa que já tinha dado golpes, a Precisa Medicamentos. A Precisa falsificou documentos para conseguir a contratação milionária, mas depois que a fraude foi descoberta o laboratório que produz a Covaxin, o indiano Bharat Biotech, cancelou a parceria com a empresa. Só depois que a CPI denunciou o caso, o Ministério da saúde cancelou a compra.
Quando o servidor Ricardo Miranda denunciou que foi pressionado pela cúpula do ministério a pagar uma fatura irregular de US$ 45 milhões para a Precisa, que não estavam previstos em contrato, Bolsonaro informado do caso pelo servidor e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), abafou o caso e não acionou a Polícia Federal para investigar.
E mais: Luís Miranda declarou à CPI que Bolsonaro mostrou que sabia quem estava envolvido, no caso, o seu líder na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), que continua na liderança até hoje.
O que Bolsonaro fez foi tentar desacreditar o deputado Luís Miranda e até persegui-lo por denunciar o caso.
Ainda no governo Bolsonaro, também foram descobertos casos de corrupção no Ministério do Meio Ambiente, nos quais o ex-ministro Ricardo Salles agiu diretamente para favorecer desmatadores que tiveram madeira apreendida durante a exportação.
O delegado da Polícia Federal que denunciou o caso, Alexandre Saraiva, foi exonerado pelo governo Bolsonaro.
Saraiva afirmou que Salles atuou “de forma consciente e voluntária, e em unidade de desígnios, dificultam a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, assim como patrocinam interesses privados (de madeireiros) e ilegítimos perante a administração pública, valendo-se de suas qualidades de funcionários públicos”.
Outro exemplo de maltrato com a coisa pública, segundo o Portal da Transparência, Bolsonaro aumentou os gastos com o cartão corporativo em 70%, se comparado com 2018. Só em 2021 já foram gastos 15,2 milhões de reais, de acordo com o Portal da Transparência. Em 2018 o montante acumulado era R$ 8,9 milhões em 11 meses.
Alguns gastos ele mantém sob sigilo, sem discriminar seu destino.
Bolsonaro não citou no discurso nenhum mecanismo de combate à corrupção por ele criado. Na verdade, ele próprio já admitiu que acabou com a Operação Lava Jato. “Eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato”, declarou.
Ele atuou desde o começo do governo para esvaziar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que produzia relatórios sobre a corrupção em várias instâncias. Foi o Coaf que descobriu e revelou as movimentações financeiras incompatíveis de Flávio Bolsonaro.
Em 2019, tirou o Coaf do Ministério da Justiça, que era comandado pelo ex-juiz Sérgio Moro, e passou para o Banco Central, onde dificultaria suas atividades.
Ele zerou a verba para modernização do órgão em 2021. Agora, com um ministro da Justiça alinhado com o Planalto, Anderson Torres, Bolsonaro já disse que quer devolver o Coaf para o Ministério.
Além do mais, vem promovendo perseguições dentro da Polícia Federal contra delegados e servidores que atuam efetivamente contra a corrupção e contra as ilegalidades. Bolsonaro já removeu 20 delegados por cumprirem com suas obrigações. Isso sem falar com o desmonte de vários órgãos de fiscalização, entre os quais os que têm a responsabilidade de apurar os crimes ambientais no país.
Vale lembrar que o ex-juiz Sérgio Moro deixou o Ministério da Justiça denunciando que Bolsonaro queria trocar o diretor-geral da PF para paralisar as investigações contra seus filhos.
											
								
								








