
Metade dos eleitores norte-americanos diz que o inquilino da Casa Branca escolhe “prioridades erradas”
Cerca de metade dos norte-americanos avaliam de forma negativa o governo do presidente Donald Trump em seus 100 primeiros dias deste segundo mandato, assinala a consulta do Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos da Associated Press-NORC, divulgada neste sábado (26). A maioria dos entrevistados considera que Trump tem focado nas prioridades erradas e avalia sua gestão como “ruim” ou “terrível”.
Mesmo entre os republicanos o levantamento mostra que o apoio ruiu: 4 em cada 10 republicanos dizem que Trump tem sido “terrível” como presidente. Já a avaliação positiva entre os membros do partido de Trump se concentra em 3 a cada 10 que acham seu desempenho “ótimo” ou “bom”. No geral, os estadunidenses demonstram o dobro de chances de acreditar que Trump prioriza mais os temas errados do que os corretos.
Entre os democratas, a rejeição é ainda mais acentuada: cerca de 7 em cada 10 consideram o segundo mandato de Trump como “terrível”, um aumento em relação às expectativas registradas em janeiro.
As questões de política externa, principalmente a condução da guerra na Ucrânia, a política econômica geral e a imposição de tarifas comerciais, pesam negativamente na imagem de Trump. Entre republicanos, cresce o desconforto com a atuação presidencial nessas áreas.
TRUMP DESORGANIZOU A POLÍTICA ECONÔMICA DOS EUA
Em seu inicio de mandato, Trump desorganizou as políticas comerciais dos EUA. A estratégia de seu governo de impor tarifas pesadas sobre produtos estrangeiros — especialmente produtos chineses — resultou em grave volatilidade do mercado, com trilhões de dólares sendo eliminados das bolsas de valores. Grandes companhias aéreas estão cortando voos, empresas estão revisando suas projeções anuais para baixo e varejistas deixaram de vender produtos chaves fabricados na China nos EUA devido às tarifas.
Por conta dessas questões, o cenário econômico tem sido um fator determinante para a queda na popularidade do presidente. A nova política tarifária adotada por Trump gerou reações negativas no mercado financeiro e reacendeu o temor de uma recessão.
ATÉ O FMI APONTA CRESCIMENTO MAIS LENTO
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou as previsões de crescimento dos EUA, prevendo um crescimento mais lento como resultado das tarifas. Enquanto isso, o sentimento do consumidor despencou para os níveis mais baixos em décadas, e o Índice de Medo e
Ganância da CNN – ferramenta desenvolvida para medir o sentimento do mercado em relação ao risco e à confiança dos investidores no mercado financeiro – tem se mantido firme na zona de “medo” no último mês.
Segundo o Departamento do Tesouro, o orçamento dos EUA em março último permaneceu em déficit pelo quinto mês consecutivo: os cofres fecharam com um valor negativo de US$ 160,5 bilhões (R$ 963 bilhões).
Isso é cerca de metade do déficit de fevereiro, de US$ 307 bilhões (R$ 1,84 trilhões), mas, no geral, está mais ou menos alinhado com a média quando o antecessor de Trump, Joe Biden, estava no comando – de US$ 159 bilhões (R$ 954 bilhões).
A pesquisa AP-NORC, realizada entre 17 e 21 de abril com 1.260 adultos e margem de erro de 3,9 pontos percentuais, revela ainda que para democratas como Gabriel Antonucci, a atual gestão é “muito mais ridícula” do que se previa. O levantamento mostra que, tanto entre opositores quanto entre antigos aliados, cresce o ceticismo sobre a direção que Trump está imprimindo à presidência.