Coronel sugere, em uma das mensagens, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) precisava “dar a ordem” para que as Forças Armadas dessem golpe, o que não aconteceu e frustrou a trama golpista
A relatora da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas de 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), registrou, na tarde da última sexta-feira (16), requerimento para convocação do coronel do Exército, Jean Lawand Junior.
Ele foi flagrado em troca de mensagens com teor golpista com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), já convocado para prestar depoimento no colegiado do Congresso Nacional.
Segundo apurações da imprensa, a relatora deve conversar com o presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), antes da abertura da reunião da próxima terça-feira (20) para que o pedido seja pautado.
Na mesma data, o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, presta depoimento. Maia reservou tempo para análise de requerimentos reapresentados pela oposição.
Mauro Cid está preso desde 3 de maio, no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. Ele é acusado de integrar associação criminosa que fraudou cartões de vacina contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
ROTEIRO PARA GOLPE DE ESTADO
De acordo com reportagem da revista Veja publicada na última sexta-feira (15), os diálogos foram descobertos a partir do celular de Mauro Cid. A investigação apontou que o então ajudante de ordens de Bolsonaro guardava no aparelho celular dele roteiro para tentativa de golpe de Estado.
Lawand Junior sugere, em uma das mensagens, que o ex-presidente Jair Bolsonaro precisava “dar a ordem” para que as Forças Armadas agissem.
Ainda segundo Veja, Lawand foi destacado recentemente pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ainda não tinha conhecimento das denúncias, para assumir o posto de representante militar em Washington, nos Estados Unidos.
Questionado, o Exército divulgou nota na qual afirma que as opiniões e os comentários de ambos os militares “não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força”.
Leia a íntegra da nota do Exército:
“Sobre trocas de mensagens entre o Coronel Jean Lawand Junior e o ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, Tenente-Coronel Mauro Cid, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que:
Opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força.
Como Instituição de Estado, apartidária, o Exército prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais.
Os fatos recentes somente ratificam e comprovam a atitude legalista do Exército de Caxias.
Eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal.
Na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força.
Em relação à função do Cel Lawand, citado na matéria da Revista Veja como Subchefe do Estado-Maior do Exército, este Centro esclarece que o referido militar serve no Escritório de Projetos Estratégicos do Estado-Maior do Exército.
Por fim, consciente de sua missão constitucional e do compromisso histórico com a sociedade brasileira, o Exército reafirma sua responsabilidade pela fiel observância dos preceitos legais e preservação dos princípios éticos e valores morais.
Atenciosamente,
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO”