A Relatora Especial da ONU para os Direitos Humanos Palestinos insta o governo egípcio a confiscar munição destinada ao regime genocida de Israel. A carga está a bordo do que foi denominado “Navio da Vergonha” que já teve sua atracação rejeitada Malta, Angola, Namíbia e Espanha
Francesca Albanese, Relatora Especial da ONU para Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, solicitou na segunda-feira (04) às autoridades do Egito que confisquem a carga letal do navio MV Kathrin, de bandeira alemã, que transporta 150 toneladas de explosivos e munição para Israel atracado no porto de Alexandria.
“No momento em que Israel comete atos de genocídio contra os palestinos, o governo do Cairo tem a obrigação de impedir que as armas cheguem à máquina de matar sionista”, afirmou Albanese numa publicação na sua conta nas redes sociais.
O MV Kathrin, vindo da Turquia, foi forçado a atracar na cidade portuária egípcia de Alexandria em 28 de outubro, depois que vários países, incluindo Espanha, Malta, Angola e Namíbia, recusaram sua permanência. O navio, apelidado de “Navio da Vergonha”, é propriedade da Lubeca Marine Germany, empresa privada de transporte alemã, mas navegava com a bandeira de Portugal no mastro até que Lisboa negou permissão para usar o seu pavilhão, obrigando-o a voltar a navegar sob bandeira alemã.
Segundo a relatora da ONU, impedir a chegada de armas ao regime de Netanyahu “não é apenas um dever moral, mas uma obrigação jurídica fundamental para evitar mais atrocidades”.
TODOS OS PAÍSES DO MUNDO DEVEM CONDENAR O GENOCÍDIO
Sublinhou que todos os países do mundo “têm a obrigação legal de respeitar e fazer cumprir” a Convenção sobre o Genocídio “em todas as circunstâncias”, incluindo “as obrigações internacionais relativas à transferência de armas para as partes num conflito armado”.
Albanese lembrou que o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) já havia ordenado em janeiro a Israel que evitasse um genocídio em Gaza e detalhou que tanto o Conselho de Direitos Humanos como a Assembleia Geral das Nações Unidas solicitaram que fosse imposto um embargo de armas ao regime sionista.
A atracação do navio no Egito gerou a condenação de muitas personalidades desse país, incluindo figuras como a jornalista Rasha Azab e o premiado advogado de direitos humanos Mahienour El-Masri, que apresentaram uma queixa urgente ao Ministério Público egípcio.
Os ativistas alertaram que a controversa decisão do governo de permitir a chegada do navio a Alexandria torna o Egito cúmplice do genocídio israelense contra os palestinos na Faixa de Gaza. “Esta é uma violação grave das leis internacionais e nacionais”, disseram, apelando às autoridades para que apreendessem imediatamente o navio.
O Egito tem permitido que navios ou embarcações que se dirigem ou partem dos portos israelenses atraquem nos seus portos, no meio de enfrentamentos contínuos do Iêmen com navios ligados a Israel no Mar Vermelho e em águas próximas.
ADVOGADOS ALEMÃES APRESENTARAM AÇÃO JUDICIAL
Por outro lado, um grupo alemão de advogados defensores dos direitos humanos interpôs uma ação judicial no tribunal de Berlim, na Alemanha, exigindo a detenção do cargueiro MV Kathrin, que alegadamente transporta 150 toneladas de explosivos e munições para a empresa Israelense Military Industries, o braço de produção de munições da maior empresa militar israelense, a Elbit Systems, que utiliza os explosivos para fabricar armas como bombas aéreas, morteiros e foguetes.
O número de civis mortos desde o início da agressão genocida de Israel à Faixa de Gaza, em 7 de Outubro de 2023, aumentou para 43.391, a maioria dos quais são crianças e mulheres, segundo informações do Ministério de Saúde da Palestina. Cerca de 102.347 outras pessoas ficaram feridas.
Milhares de vítimas continuam desaparecidas; enterradas sob os escombros ou espalhadas pelas estradas, pois as equipes de resgate enfrentam desafios significativos para alcançá-las devido aos contínuos ataques israelenses e à enorme quantidade de destroços.