A relatora do caso de Adriana Ancelmo, esposa do ex-governador Sérgio Cabral, votou, na quinta-feira, por sua volta à prisão.
Ancelmo foi condenada a 18 anos – e é ré em mais três processos – por lavagem de dinheiro. Como integrante da quadrilha de seu marido, ela usava seu escritório para lavar o roubo dos cofres públicos – até agora estimado em um total mínimo de US$ 100 milhões (cem milhões de dólares).
Apesar disso, ela foi solta pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, e encontra-se em casa, sob prisão domiciliar desde 18 de dezembro passado.
Em seu voto, a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), apontou que a argumentação da ré, de que precisa ficar em casa para cuidar dos filhos, é falsa: “o que se tem no processo é que, na verdade, os cuidados com os filhos da paciente eram de responsabilidade de outra pessoa, que não possuía vinculo consanguíneo com as crianças”.
Os filhos de Ancelmo e Cabral, disse a ministra Maria Thereza, eram cuidados por Sônia Ferreira Batista, que recebia um salário mensal de R$ 18 mil para isso. A informação consta do depoimento da própria Sônia Ferreira Batista.
“Não me parece”, disse a ministra Maria Thereza de Assis Moura, “que seja o caso igual ao de tantas Marias, ou tantas outras mulheres que possuem filhos menores, algumas até mesmo amamentando, e que necessitem de uma forma inquestionável da presença da mãe”.
“Não obstante o pai também esteja detido”, continuou ela, “as crianças viviam independentemente da presença do pai ou da mãe, pois tinham alguém quem delas cuidasse”.
O Ministério Público Federal demonstrou que Ancelmo realizou 47 viagens internacionais entre 2007 e 2016, sem nenhuma preocupação com seus filhos, que têm 11 e 15 anos.
Após o voto da ministra Maria Thereza de Assis Moura, o ministro Sebastião Reis Júnior pediu vistas do processo – e o julgamento foi interrompido.