Religiosos denunciam omissão de Witzel nos ataques a terreiros de candomblé

Terreiro de candomblé foi destruído a mando de traficantes que se intitulam "Bandidos de Jesus" - Foto: Reprodução/Facebook

Ivanir dos Santos, representante da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Estado do Rio de Janeiro, criticou o governador Wilson Witzel (PSC), durante a 1ª Caminhada Inter-Religiosa da Baixada Fluminense, que reuniu mais de 1.500 pessoas no domingo (14), em Nova Iguaçu.

“Eu não tenho dúvida de que se fosse uma sinagoga ou uma igreja cristã, a atitude do estado seria outra”, afirmou o babalaô (sacerdote do culto de Ifá na religião Iorubá) referindo-se ao ataque de criminosos a um terreiro de candomblé na quinta-feira (5), localizado no Parque Paulista, em Duque de Caxias (RJ). Representantes de igrejas evangélicas e católicas, budistas, ateus e agnósticos também participaram da manifestação.

Se intitulando “bandidos de Jesus”, traficantes armados invadiram o terreiro de candomblé na Baixada e destruíram todos os símbolos que representavam os orixás. Os marginais ainda ameaçaram a mãe de santo líder da casa, uma senhora de 85 anos, dizendo que voltariam para atear fogo no terreiro, caso a mãe de santo reabrisse a casa. O terreiro existe no Parque Paulista há 50 anos.

Segundo um parente da mãe de santo, que prefere ficar no anonimato por temer represálias, a líder do terreiro está refugiada na casa de familiares, fora do estado do Rio.

“Tocaram a campainha, entraram no terreiro e começaram a quebrar tudo e ameaçaram, xingaram ela. Uma senhora de 85 anos, com uma arma na cara, é uma falta de respeito”, disse a parente da vítima.

Membros de diversas religiões participaram de caminhada na Baixada Fluminense – Foto: Erick Rianelli

O professor Ivanir aponta que Witzel, até o momento, não tomou nenhuma providência sobre a série de ataques aos terreiros de candomblé no Rio.

“É importante que o governador abra seu coração, seus ouvidos e seus olhos para ver o que está acontecendo com as religiões de matriz africana no Rio”, disse o babalaô, afirmando que espera uma resposta de Witzel. “Combinei com ele uma agenda, e essa agenda até hoje não aconteceu”, afirmou.

Uma das organizadoras da caminhada, Mãe Nádia de Oyá, defendeu que todas as pessoas têm o “direito de professar a nossa fé”. “Se realmente estou falando em nome de Deus, eu tenho de respeitar e amar o meu semelhante – tudo diferente do que está acontecendo”, disse a mãe de santo.

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Uma resposta

  1. Não adianta contar com esse governo nazista. É importante os terreiros contratarem seguranças armados. É importante que o povo de santo tome consciência que no momento atual é necessário se proteger e se armar, mobilizar a opinião pública, ir ao rádio, TV e divulgar nas redes sociais, usar estes ataques para fazer ouvir nossa voz. Mas é importante que os terreiros se unam para ter seguranças armados para sua proteção. Não apenas contar com a proteção espiritual, mas também contar com a proteção física. Não apenas contar com a proteção do estado, essa não nos é dada pelo atual governo nazista e racista, mas sim organizar nossa própria proteção armadas, seja esta oficial ou não.
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