Renda do trabalho do 1% mais rico é 34 vezes maior que da metade mais pobre
O rendimento médio real de trabalho da população 1% mais rica, em 2018, foi 33,8 vezes maior que da metade mais pobre, segundo dados divulgados na quarta-feira (16/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Mensal por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua).
Segundo o IBGE, no ano passado a parcela de 1% mais rica, que corresponde a 900 mil pessoas, teve um rendimento médio de R$ 27.744 mensais. Já a metade mais pobre da população, 45 milhões de pessoas, o rendimento médio foi de R$ 820.
De acordo com o Índice Gini – indicador que mede distribuição, concentração e desigualdade econômica e varia de 0 (perfeita igualdade) até 1 (máxima concentração e desigualdade), a desigualdade da renda piorou no Brasil.
O avanço do rendimento dos mais ricos foi maior do que aqueles que estão entre os mais pobres e isso fez acelerar a concentração de renda. O rendimento domiciliar per capita subiu de 0,538, em 2017 para 0,545, em 2018, um resultado recorde.
“O rendimento de trabalho é o que tem maior peso dentro do rendimento total das famílias, cerca de 75% do rendimento total das famílias é composto pelo rendimento do mercado de trabalho“, disse Maria Lúcia Vieira, gerente da pesquisa, em coletiva. “Então, se o mercado de trabalho está em recessão – as pessoas perdem o emprego, vão trabalhar em emprego com rendimentos menores – esse impacto fica também no rendimento total. Esse rendimento se vem de um trabalho mais informalizado, o impacto é maior ainda, porque essas pessoas têm menor proteção em relação a seus empregos, é mais fácil mandar embora, então a redução do rendimento é maior“, afirmou.
No ano passado, a renda domiciliar per capita dos mais pobres (representados pelos 10% de menores rendimentos) recuou 1,8%, (R$ 107), enquanto a renda da parcela mais rica da população (representada pelos 10% de maiores rendimentos) cresceu 8,2% em termos reais (R$ 16.297), ambos os casos em comparação com o ano de 2017.
A sondagem do IBGE aponta ainda que a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita cresceu de R$ 264,9 bilhões em 2017 para R$ 277,7 bilhões em 2018. “Os 10% da população com os menores rendimentos detinham 0,8% da massa, enquanto que os 10% com os maiores rendimentos concentravam 43,1%”, destaca o instituto.
Na comparação com outros períodos da série, o rendimento de trabalho cresceu 4,7% em relação a 2012, mas ficou muito abaixo do patamar alcançado em 2014. Conforme o instituto, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos (pessoas de 14 anos ou mais de idade) chegou a R$ 2.279 em 2014, mais caiu -4,1% em 2015, perante a crise econômica deflagrada no ano anterior, se manteve estagnada nos dois anos seguintes, até chegar a R$ 2.234 em 2018.