Renildo e Jandira cobram “recomposição dos valores” cortados da Lei Aldir Blanc

Deputados do PCdoB, Jandira Feghali (RJ) e Renildo Calheiros (PE) (Fotos: Bruno Spada - Mario Agra - Câmara dos Deputados)

Congresso reduz Lei Aldir Blanc de R$ 3 bilhões para R$ 480 milhões; corte foi de 84%. Por meio de nota, o Ministério da Cultura e a Casa Civil asseguraram a continuidade dos investimentos da Política Nacional Aldir Blanc

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), manifestou, na última quinta-feira (20), profundo “descontentamento” com a drástica redução dos recursos da Pnab (Política Nacional Aldir Blanc), de R$ 3 bilhões, que foram cortados pela CMO (Comissão Mista de Orçamento).

O Congresso Nacional, erroneamente, chancelou o corte e deixou apenas R$ 480 milhões. O que, evidentemente, não possibilitará levar a cabo a execução da Pnab.

O corte de 84% dos recursos aprovados pelo relator setorial, segundo Renildo, significa a “desvalorização da Lei Aldir Blanc”, cujo projeto de lei é de autoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e isso causou grande “desconforto na bancada do PCdoB”, na Casa, disse o líder.

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Ao finalizar a manifestação contrária ao drástico corte, Renildo antecipou que era “preciso reconsideração para recomposição dos valores” cortados dessa que é uma das políticas públicas para a Cultura mais importantes do segmento.

POLÍTICA PÚBLICA ATÉ 2027

A aprovação do Orçamento de 2025 no Congresso, na última quinta-feira, com esse corte gerou reclamações de produtores culturais e artistas.

E diversos segmentos denunciaram o corte de 84% da Política Nacional Aldir Blanc, do Ministério da Cultura, que repassa recursos federais para Estados e municípios fomentarem atividades culturais.

O orçamento previsto para o programa era de R$ 3 bilhões, mas, no relatório final aprovado no Congresso, sobraram apenas R$ 480 milhões.

Fruto do projeto, agora Lei 14.017/20, que transferiu recursos de emergência para a cultura durante a pandemia, a Lei Aldir Blanc se transformou em política pública de repasse de recursos federais para o setor cultural até 2027.

PAPEL ESTRUTURANTE DA CULTURA

O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura publicou nota, em que manifestou “estarrecimento” com os cortes de 84%. Segundo o fórum, o corte imposto pelo Congresso Nacional compromete gravemente a execução de políticas nos Estados e municípios, e enfraquece o papel estruturante da cultura no desenvolvimento do País.

A secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal, por meio das redes sociais dela, convocou mobilização de gestores e atores culturais em defesa dos recursos:

“Isso é um absurdo com a luta, a articulação, nós todos, trabalhadores e trabalhadoras, gestores e gestoras, que lutamos pela Lei Aldir Blanc. A execução dos recursos, a boa execução dos recursos, pavimentou um caminho para que nós tivéssemos uma política nacional permanente. Nós precisamos colocar a boca no mundo e não deixar isso acontecer, para que esse recurso seja integralizado no Orçamento da União agora em 2025”.

SURPRESA DO GOVERNO COM CORTE DO RELATOR

O governo federal disse que foi surpreendido pelo corte do relator do Orçamento, o senador Angelo Coronel (PSD-BA).

Em nota, o Ministério da Cultura e a Casa Civil asseguraram a continuidade dos investimentos da Política Nacional Aldir Blanc.

Os ministérios afirmaram que a aplicação dos recursos da Aldir Blanc é obrigatória e que o governo federal transferirá integralmente os valores de Estados e municípios que cumprirem com o disposto no decreto.

POLÍTICA NACIONAL DE FOMENTO

Em 2023 foi lançada a maior política cultural da história, regulamentada a partir do Decreto 11.740/23. Este decreto regulamentou a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, que é a Lei 14.399/22.

Pela primeira vez, as atividades do setor cultural terão fonte estável de dinheiro público, garantida até 2027. Serão investidos R$ 3 bilhões anuais, num total inédito de R$ 15 bilhões pelos próximos 5 anos.

Veja as ações e atividades que poderão ser aplicados com os recursos, se forem reconstituídos, da Pnab:

• fomento, produção e difusão de obras;

• realização de projetos;

• concessão de prêmios;

• instalação e manutenção de cursos;

• realização de levantamentos, estudos e pesquisas;

• realização de inventários;

• concessão de bolsas;

• aquisição de bens culturais;

• preservação do patrimônio cultural;

• construção e manutenção de espaços culturais;

• elaboração de planos anuais e plurianuais;

• aquisição de imóveis tombados;

• manutenção de grupos artísticos;

• proteção do patrimônio cultural imaterial;

• ações, projetos, políticas e programas públicos de cultura; e

• apoio a projetos culturais.

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