A Petrobrás anunciou na segunda-feira (15) a conclusão da entrega de fatias nas áreas de Lapa e Iara, no pré-sal da Bacia de Santos, para a Total, no valor de US$ 1,95 bilhão. Agora, já somam 20 tenebrosas transações firmadas com a empresa francesa, do cartel internacional do petróleo.
No campo de Lapa, Temer e Parente vão entregar não só 35% de participação, mas também a operação, ficando a Petrobrás com míseros 10% da área. A anglo-holandesa Shell, também do cartel internacional do petróleo, permanece com 30% e a sino-espanhola Repsol-Sinopec, com 25%. A produção neste campo teve início em dezembro de 2016, com capacidade de 100 mil barris por dia.
Já na área de Iara – que contém os campos de Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu -, a Petrobrás vendeu 22,5% de sua participação, permanecendo como operadora. A nova composição do consórcio passou a ser a seguinte: Petrobrás (42,5%), Shell (25%), Total (22,5%) e Petrogal (10%). A previsão de início de produção é para o segundo semestre deste ano, em Sururu/Berbigão, com 150 mil barris diários, e em 2019 em Atapu.
Os campos de Sururu, Berbigão e Oeste de Atapu estão sujeitos a acordos de unitização com a área denominada Entorno de Iara, sob regime de cessão onerosa, na qual a Petrobrás detinha 100% de participação.
“Com a concretização da aliança estratégica com a Petrobrás, que acontece após a recente decisão de investimento para o desenvolvimento em larga escala do campo gigante de Libra, operado pela Petrobrás e no qual a Total é parceira, a Total consolida sua presença no Brasil, em uma das bacias mais prolíferas do mundo, tendo como diferencial a sua expertise em águas profundas. Estamos particularmente satisfeitos por sermos a primeira major a operar um campo em produção no pré-sal brasileiro”, comemorou Patrick Pouyanné, principal executivo da Total.
Além da venda de ativos por US$ 1,95 bilhão, o “acordo” inclui uma linha de crédito de US$ 400 milhões.
Em sua política de “desinvestimento”, a Petrobrás já vendeu para a Total uma participação de 50% na Termobahia, incluindo as térmicas Rômulo de Almeida e Celso Furtado.
No pré-sal, além de Lapa e Iara, a Petrobrás já vendeu o campo de Carcará para a norueguesa Statoil, seguindo a política de privatização pelas beiradas, iniciada com Dilma, quando do leilão do campo de Libra, o maior do mundo, com reservas estimadas entre 8 e 12 bilhões de barris de petróleo bruto. Nele entraram a Total e a Shell, com o mesmo peso da Petrobrás (40%).
A política de “desinvestimento” da Petrobrás pretende arrecadar US$ 19,5 bilhões entre 2017 e 2018.
A “aliança estratégica” com a Total anunciada em março de 2017 é similar à aliança firmada com a norte-americana ExxonMobil. A Petrobrás é a empresa que tem maior expertise em produção no pré-sal. Não ganha nada se aliando com transnacionais, que fazem parte de um cartel privado. Enquanto a Petrobrás é essencial ao desenvolvimento do Brasil, Exxon e Total representam o contrário, ou seja, são um entrave ao nosso desenvolvimento. Portanto, a política de Temer/Parente de aliança com essas empresas não passa de entreguismo e submissão ao capital estrangeiro.
VALDO ALBUQUERQUE