Com a enérgica presença de 223 delegados, junto com ativistas e apoiadores, plenárias, grupos de discussão e debates, o 11º Congresso da Fepal é o maior da história de 45 anos de luta da entidade brasileira solidária à Causa Palestina contra a limpeza étnica perpetrada pelo regime israelense
“O que vemos é um genocídio televisionado e em termos de proporção populacional já é o maior da história humana. Este é o congresso que vai ampliar a luta pela palestina no Brasil! Este é o Congresso que vai organizar e ampliar o não ao genocídio e ao apartheid e será mais um passo rumo à Palestina Livre”, declarou Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Fepal, na sua intervenção abrindo o 11° Congresso da entidade.
Com o chamado ao combate contra o genocídio e o apartheid e pela libertação da Palestina foi realizado o 11º Congresso nos dias 20, 21 e 22 na cidade de São Paulo.
A solenidade de abertura, com a presença de cerca de 500 pessoas, incluindo 220 delegados além de militantes, ativistas, jornalistas, comunicadores, professores, pesquisadores e representantes de organizações de estudantes e trabalhadores, lotou o salão principal do Club Homs, situado na Av. Paulista, em São Paulo.
O Congresso, que teve a execução dos hinos da Palestina e do Brasil em sua abertura, foi marcado por encontros, conversas e debates sobre temas referentes à luta do povo palestino e um repúdio generalizado diante do agravamento intencional e escancarado do genocídio do povo palestino.
Genocídio que é televisionado – como apontaram muitos dos participantes – com a população da Faixa de Gaza como alvo central de uma matança que já ultrapassa 42 mil palestinos e que, nos dias mais recentes deste ano de acirramento da Nakba (a catástrofe que se abate contra o povo palestino desde 1948, com a implantação do Estado de Israel), se estende à Cisjordânia e agora ao Líbano, ameaçando arrastar toda a região à guerra.
“ESTE CONGRESSO É UM PASSO RUMO À VITÓRIA DA PALESTINA”, AFIRMA EMBAIXADOR AL ZEBEN
“Minhas primeiras palavras vão para aqueles mártires, aqueles feridos em defesa da dignidade árabe, da dignidade humana. Nosso agradecimento especial aos libaneses, aos marroquinos, aos sírios, enfim, àqueles de todas as partes do mundo árabe que se levantam em solidariedade ao povo palestino”, afirmou o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben.
“Digo que este ato aqui, esta ampla reunião demonstra que a Palestina, sim existe, vai existir e vai vencer. “Este evento não é somente uma denúncia do genocídio, mas um voto pela legitimidade da denúncia do genocídio”, enfatizou o embaixador.
“A Fepal, em sua luta de 45 anos fez a diferença para unir toda a comunidade palestina no Brasil. Apelou para a ampliação da unidade palestina; esta Fepal, assim como a OLP, tem que unir todas as forças que lutam pela Palestina livre”, conclamou e, dirigindo-se ao presidente da Fepal, Ualid Rabah, salientou: “Esta é sua principal tarefa”.
“Este evento aprofunda a legitimidade da luta do povo palestino. Vamos trabalhar para unir em torno desta causa muçulmanos, cristãos e judeus antissionistas. Gostaria de saudar a solidariedade do valoroso povo brasileiro ao povo palestino”, prosseguiu.
Al Zeben agradeceu a solidariedade de sempre do presidente Lula ao povo palestino. “O presidente Luis Inácio da Silva que desde o primeiro momento dedicou seu decidido apoio a nós”.
“Como dizia o nosso líder Yasser Arafat, a luta do povo palestino vai prosseguir até que chegue o dia em que a bandeira palestina tremule soberana hasteada sobre as muralhas de uma Jerusalém libertada”, finalizou o embaixador.
Reunindo, além dos delegados, centenas de trabalhadores, artistas, autoridades, intelectuais, a abertura do encontro lotou a salão principal do Club Homs em apoio ao direito de autodeterminação do povo palestino
No dia 21, o Congresso prosseguiu com a formação de grupos de trabalho, onde os delegados participaram de discussões desde a questão cultural, até esportes passando, por temas como mulheres, refugiados, gestão financeira, jurídico, Direitos Humanos e Apartheid, comunicação, Relações Institucionais, Relações Internacionais, formação histórica e política e ainda as comunidades brasileiro-palestinas.
Os trabalhos prosseguiram com oito mesas de debates com a participação de 30 convidados incluindo professores, juristas, escritores, com temas como “O novo mundo árabe e seus reflexos na comunidade árabe brasileira”, com a presença das professoras e pesquisadoras Samira Adel Osman e Natália Calfat e do jornalista, comentarista político e internacional e professor Bruno Beaklini.
Houve ainda o debate sobre “O apartheid na Palestina e suas implicações”, com o secretário de Direitos Humanos da Fepal, Fábio Bacila Sahd, e o professor de Relações Internacionais Bruno Huberman.
A mesa “A importância e o papel da solidariedade à Palestina” contou com Misiara Oliveira, militante do movimento solidário à Palestina desde a década de 1980 e integrante da Executiva Nacional do PT, Julia Köpf, secretária-geral da União Brasileira dos Estudantes, e Thiago Ávila, internacionalista e um dos organizadores da Flotilha da Liberdade.
Já o debate “O genocídio na Palestina e o Direito Internacional” teve na mesa o professor e pesquisador Salem Nasser, o titular da Secretaria de Assuntos Jurídicos da Fepal, Nasser Judeh, e o ex-perito do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Sami El Jundi.
Em uma segunda rodada de debates, uma das mesas teve como terma a “Palestina: o primeiro genocídio televisionado da história”, com Marcos Feres, coordenador de comunicação da Fepal, Andrew Fishman, jornalista do Intercept Brasil, a ativista e comunicadora Hyatt Omar, Norian Segatto, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas e José Reinaldo de Carvalho, editor de Internacional do Brasil 247.
Também teve lugar a mesa sobre “O papel literário e artístico na libertação da Palestina”, com o escritor Milton Hatoum, a estudante e ativista Aycha Sleiman, o historiador Rafael Domingos Oliveira, o jornalista Tadeu Breda e o artista Kleber Pagu, responsável pelo mural “Palestina Livre – Genocídios Nunca Mais”, no centro de São Paulo.
Também ocorreu a mesa sobre “Boicote, desinvestimento e sanções contra o Apartheid na Palestina”, com a presença de Andressa Soares, coordenadora para a América Latina do Comitê Nacional Palestina do Movimento BDS, a professora e pesquisadora Arlene Clemesha e Pedro Charbel, que já atuou como observador internacional na Cisjordânia.
Por fim, a mesa “‘Antissemitismo’, arma do sionismo para a ocupação da Palestina” terá como debatedores o jornalista Breno Altman e Isadora Szklos, fundadora do coletivo Vozes Judaicas por Libertação.
“CHEGAREMOS LÁ COM A PALESTINA LIVRE”, DIZ O MINISTRO REZEK
“O que estamos assistindo na Palestina é um circo de horrores, são cenas capazes de comover até as pedras deste chão”, declarou o ex-ministro do STF, Francisco Rezek.
“E ainda há aqueles que falam – como locutores de uma certa mídia – como se estivéssemos assistindo a uma guerra entre forças iguais. Que absoluta falta de escrúpulos…”, prosseguiu.
“Estamos diante de um sofrimento que não é de hoje e se abateu sobre o povo palestino com a implantação do Estado terrorista de Israel. Só que permitir – como têm feito líderes ocidentais – que aquilo que começou com a Nakba, com a limpeza étnica, tenha chegado ao ponto que hoje chegou, nos coloca diante de um desmoronamento, um colapso do direito internacional.
“O Brasil se pauta pelo direito internacional e nunca envergonhou a nossa bandeira e o nosso governo se uniu à pátria de Nelson Mandela na Corte de Haia para condenar Israel pelo crime de genocídio.
“O que temos visto com a luta do povo palestino é que a verticalidade de nossa espinha dorsal é inflexível e chegaremos lá com a Palestina livre ainda em nossa geração”, finalizou Rezek.
O 11º Congresso elege nova diretoria com vistas a ampliar a luta pela libertação do povo palestino unindo a sociedade brasileira a todo o crescente apoio mundial em um de seus momentos tanto difíceis como desafiadores a toda Humanidade em sua busca por justiça e paz
PALESTINOS CELEBRAM COM DANÇA UNIDADE EM TORNO DA FEPAL
Ao final do dia de debates de sábado (21), a sensação de disposição de luta e unidade em torno dos ideais palestinos e sua entidade, a Fepal, acabou explodindo em manifestação de música e dança:
https://fepal.com.br/wp-content/uploads/2024/09/WhatsApp-Video-2024-09-22-at-00.30.46.mp4?_=1
“Um povo com essa profunda relação com sua história e sua cultura é invencível”, proclamou Ualid Rabah, logo após participar da dança junto com os delegados e convidados.
UALID RABAH REELEITO PRESIDENTE DA FEPAL
Já ao final do 11º Congresso da Fepal foi eleita a nova diretoria da entidade brasileiro-palestina pela unanimidade dos delegados com Fatima Ali Sawada como vice-presidente.
Destacamos a participação de diversas lideranças das quais colhemos as seguintes declarações:
“Racismo, terrorismo e genocídio, este é o legado deste Estado de Israel”, condenou Jandira Uehara, secretária de Direitos Humanos da CUT.
Também representando os trabalhadores, Rene Vicente, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), se comprometeu em mobilizar “os trabalhadores e trabalhadoras que sentem o sofrimento do povo Palestino e dizem não à guerra. Palestina livre já!”.
Thiago Tanji, que preside o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, destacou sua razão especial para estar presente: “segundo a Federação Internacional de Jornalistas, FIJ, pelo menos 140 jornalistas assassinados desde outubro do ano passado. Um número que supera em muito o de jornalistas mortos em qualquer outro conflito. Fica claro, junto com o fechamento de sucursais, como as da Al Jazeera, que o regime israelense não quer testemunhos do seu massacre, quer silenciar a voz palestina. O Sindicato dos Jornalistas se insere na luta pelo fim do racismo, do colonialismo”.
O Sindicato dos Jornalistas entregou ao embaixador Al Zeben uma placa a ser presenteada ao Sindicato de Jornalistas da Palestina.
Ex-deputado federal Jamil Murad falou representando o PCdoB:
“O que está acontecendo em terras palestinas desde 7 outubro de 2023 é um crime hediondo contra o povo palestino e contra a humanidade”.
“A criação do Estado da Palestina com base no direito de autodeterminação do povo palestino é o caminho para o fim desta opressão e deste conflito. Ele lembrou as votações recentes na ONU, pela criação do Estado da Palestina e pela retirada já de Israel de todos os territórios ocupados” finalizou Jamil.
Manuela Mirella – presidente da UNE: “A União dos Estudantes tem sido firme no apoio à luta contra o genocídio, o apartheid, a limpeza étnica perpetrados pelo Estado de Israel. Temos nos empenhado em realizar atos, ocupações, debates, acampamentos por todo o Brasil para dar uma mostra do nosso repúdio a todos os crimes que Israel vem cometendo. Com a clareza de que aquilo que está por trás dessa truculência é imperialismo norte-americano que arma os criminosos do regime israelense”.
“Os estudantes brasileiros estudam em universidades que têm uma característica que é desenvolver a ciência e a tecnologia para salvar vidas e não corroboramos com aqueles que usam a ciência para desenvolver armas para matar crianças, para agredir o povo palestino. Entendemos que a luta pela liberdade do povo palestino é a régua moral do nosso tempo”, alertou Mirella.
FEDERAÇÃO DAS ENTIDADES ÁRABES (FEARAB) PRESENTE
“No dia 7 outubro houve uma quebra de correntes que submetiam os palestinos. A partir daquele momento foram soterradas todas as mentiras e o massacre subsequente mostrando como morria uma criança e uma mãe palestina. Quando se viu pela mídia como se passou a fazer um genocídio na busca insana de manter a opressão sionista” declarou a diretora da FEARAB (Federação das Entidades Árabes), Claude Hajjar.
“Nosso trabalho é mostrar tudo isso nos juntarmos ao protesto contra o que está acontecendo com base em armas dos Estados Unidos”, acrescentou.
José Reinaldo, presidente do Cebrapaz, se pronunciou na abertura do 11º Congresso: “ Tenho a certeza de que este congresso adotará diretrizes que aprofundarão as lutas em favor da Causa Palestina e levará a um nível de unidade maior ainda em torno desta luta. É legitima a luta do povo palestino em todas formas que ela se manifeste para acabar com este crime contra a forma mais consagrada de convivência entre os povos que é a autodeterminação”.
Ele destacou que “o imperialismo norte-americano se apoia neste regime bandido de Netanyahu para manter seu domínio no Oriente Médio”.
Soninha Francine – Secretária de DH e Cidadania do Município de São Paulo: “Quando falamos de bombardeio a hospitais, bombardeio a missões humanitárias, bombardeio a campos de refugiados, a isso se soma a barbárie dos colonos na Cisjordânia, a tortura generalizada nas prisões israelenses. Não há nada que justifique as atrocidades do governo Netanyahu contra o povo palestino”.