A francesa Total anunciou nesta segunda-feira (7) que não vai mais operar os cinco blocos de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. Considerado um bioma ambiental sensível, a exploração na região foi negada pelo Ibama, por mais de uma vez, por falta de informações sobre o plano de segurança da multinacional, de proteção da biodiversidade marinha e dos recifes, em caso de vazamento de óleo na região.
Sem conseguir operar os blocos na região sem proteção ambiental, a múlti francesa desistiu de explorar petróleo. Segundo a Total, a empresa já havia comunicado para seus associados, em 19 de agosto, sua “renúncia ao papel de operador de cinco blocos de exploração na Foz do Amazonas”. Em outro comunicado direcionado à ANP, a Total diz que “sobre esta decisão, que abre um período de seis meses durante o qual será designado um novo operador e ao qual serão transferidas as atividades”.
A Total havia adquirido estes cinco blocos em 2013, junto com a britânica BP e a Petrobrás, na 11ª Rodada de Concessões da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Os blocos são: FZAM- 57, FZA-M-86, FZA-M-88, FZA-M-125 e FZA-M-127. A Total possui 40% dos ativos, enquanto a BP e Petrobrás possuem 30% de participação cada uma.
No mesmo ano, a Total participou do primeiro leilão de privatização do pré-sal, no governo Dilma. A Total arrematou junto com a Shell 40% do megacampo de Libra, em outubro de 2013. A Petrobrás ficou como operadora com 40% e os outros 20% ficaram com as chinesas CNOOC (10%) e CNPC (10%). O campo de Libra, descoberto pela Petrobrás, possui uma área de 1.550 km² – equivalente ao tamanho da cidade de São Paulo – a 200 Km da costa do Rio de Janeiro, no pré-sal da Bacia de Santos.
Em mais uma tentativa de “ir passando a boiada”, no início deste mês (3), a Total protocolou no Ibama um novo pedido de licenciamento ambiental, que permite a exploração de petróleo nestes campos. Antes deste pedido, o Ibama já havia negado outros três, já que a francesa não havia entregado ao órgão informações suficientes sobre a segurança das operações em uma região ambientalmente sensível.
“Passando a boiada” foi o termo usado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na famosa reunião ministerial do dia 22 de abril, “Precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, declarou Salles.
Além da multinacional francesa, a britânica BP também teve seu pedido de licença negada pelo órgão e a petrolífera anglo-australiana, BHP Billiton, já renunciou dois blocos que havia adquirido no mesmo leilão.