
Telefonema de Trump ordenando a Netanyahu que parasse de bombardear o Irã aconteceu poucas horas depois de bem-sucedido ataque a mísseis contra base norte-americana de Al Udeid, no Catar, a maior dos Estados Unidos em todo o Oriente Médio
As agências de notícias do Irã e de Israel começaram a noticiar no meio da madrugada deste dia 24 (hora local), que o bombardeio israelense contra Teerã havia cessado e que, em contrapartida, as saraivadas de mísseis iranianos – suplantando a “Peneira do Dome” – contra bases, refinaria de Haifa, centros de pesquisa a serviço do regime de apartheid de Israel e bairros israelenses, também foram suspensas.
MENTIRA DE TRUMP PARA ESCONDER O RECUO
Trump ainda mentiu ao tentar esconder a difícil situação em que se meteu, dizendo que a decisão de pressionar Netanyahu ao cessar-fogo não fora fruto da dissuasão militar empreendida pelo Irã no Catar, e que, simplesmente “Irã e Israel haviam chegado a um acordo”.
O presidente estadunidense já reagira à pressão em casa, com manifestações por todo o país, declarações de deputados quanto à ilegalidade do ataque ao Irã sem autorização do Congresso e paúra das corporações norte-americanas diante da possibilidade do fechamento do estreito de Ormuz pela força iraniana, o que ameaçava fazer disparar o preço do barril de petróleo, tanto assim que se dirigira aos países do Golfo, exportadores de petróleo que não aumentassem o preço do combustível.
Trump tentou jogar uma cortina de fumaça sobre a rendição americano-israelense, em postagem confusa dizendo que o cessar-fogo estaria “completo” com o Irã parando de atirar em 12 horas e Israel pararia em 24 horas, o que acabou acontecendo de forma bem diferente.
A declaração de Trump também ocorre pouco depois de encontro do ministro Araghchi com Vladimir Putin, em Moscou, quando o presidente russo classificou de “inquebrantável” a aliança da Federação da Rússia com o Irã.
Putin denunciou o ataque norte-americano ao Irã de “agressão injustificada” e declarou que “a Rússia está se esforçando para ajudar os iranianos”.
A declaração veio junto com a afirmação do vice-ministro de Exterior da Rússia, Sergei Ryabkov, de que a “retaliação do Irã é absolutamente legítima”. Na ocasião, o chanceler do Irã ressaltou que os contatos com Moscou se tornaram frequentes.
“O Irã está agindo dentro da estrutura do Direito Internacional”, acrescentou Ryabkov.
Essa cadeia de acontecimentos coloca em cheque a empáfia de Trump, que vinha exigindo do Irã uma “rendição incondicional” e assumindo a estupidez de intervenção com “mudança de regime” e, após levar bombas na cabeça, tem, como se diz no popular, botar o rabo entre as pernas, ou situação mais vexaminosa.
Coube ao ministro do Exterior do Irã, Abbas Arghchi, botar os pingos nos ii.
Segundo ele, em primeiro lugar “não houve acordo”, disse o ministro.
O Irã apenas colocou em prática o que vinha afirmando há algum tempo, de que estava disposto a suspender os devastadores ataques retaliatórios ao longo de Israel apenas se Israel parasse de atacar o Irã. O ministro também vinha salientando que só sentaria na mesa de negociações desde que Israel parasse com seu bombardeio não provocado contra o país persa.
Netanyahu tentou desesperadamente arrastar Trump para o confronto dizendo que “sem os EUA, Israel não tem como continuar sozinho”.
Trump chegou a bombardear, como amplamente sabido, três usinas nucleares iraniana (Natanz, Fordow e Isfahan) e, apesar de bravatear que acabara com o programa nuclear iraniano, especialistas e governo iraniano asseguram que o essencial, especialmente as centrífugas de Fordow, permanecem intactas.
O aiatolá Ali Kamenei já vinha alertando os Estados Unidos de que um ataque ao Irã lhe traria “consequência irreparáveis” e a Guarda Revolucionária do Irã nominou as bases ao alcance de seus mísseis, espalhadas pelo Iraque, Catar, Baherein, Aábia Saudita e outros países do Golfo, deixando expostos a voltarem pra casa em sacos plásticos 50.000 soldados americanos.
Vejamos as declarações do ministro Araghchi:
“Como temos reiterado em múltiplas ocasiões, foi o regime sionista que iniciou esta guerra, não nós”, esclareceu Araghchi, segundo reportagem do portal Hispan TV.
Em sua postagem no X, na madrugada desta terça-feira, dia 24, o ministro enfatizou que “Neste momento não existe nenhum acordo em matéria de cessar-fogo ou suspensão de operações”.
“Não obstante, se o regime israelense detém sua agressão ilegal contra o povo iraniano, antes das 4:00 desta madrugada, não temos intenção de continuar com nossa resposta”.
Israel anunciou que cessaria o bombardeio e, de fato, suspedeu a ação militar perto das 4:00 da madrugada desta terça-feira, não sem antes levar uma última trauletada com mísseis iranianos atingindo ponto na cidade de Beer Sheva.
O chanceler destaca que “qualquer decisão defninitiva a respeito da suspensão de operações militares por nossa parte será tomada em seu devido momento”, deixando claro que Teerã se reserva o direito a replicar sempre que hava futuras provocações”.
Em tom vitorioso, Araghchi agradeceu às Forças Armadas iranianas: “Junto de todos os iranianos, agradeço às nossas bravas Forças Armadas, que permanecem prontas para defender nosso querido país até a última gota de sangue e que responderam a qualquer ataque do inimigo até o último minuto”.