“A despeito dos resultados de maio, as perdas continuam expressivas e se acumulam àquelas da crise de 2015/16, fazendo da recuperação um processo desafiador”
Mesmo que a indústria e comércio tenham voltado ao positivo em maio, o país continua em grave crise disseminada por todos os setores, avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) em publicação divulgada na segunda-feira (13). A entidade se baseou nos números das pesquisas mensais do comércio, indústria e serviços apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para mostrar que não há trajetória de recuperação que se possa comemorar.
“Depois de perdas históricas no mês de abril, muitas atividades voltaram ao positivo em maio de 2020, compensando apenas parcialmente o retrocesso anterior”, afirma o instituto, a exemplo dos números de maio da indústria e comércio. “Os serviços, a seu turno, continuaram no vermelho”.
“Nada disso, entretanto, sinaliza para uma saída da crise de Covid-19. Em primeiro lugar, porque a pandemia ainda não foi plenamente controlada, seguindo seu caminho em direção ao interior do país, e há riscos de novos surtos decorrentes de medidas de flexibilização do isolamento social. Em segundo lugar, porque, a despeito dos resultados de maio, as perdas continuam expressivas e se acumulam àquelas da crise de 2015/16, fazendo da recuperação um processo desafiador”.
“Depois de perdas históricas no mês de abril, muitas atividades voltaram ao positivo em maio de 2020, compensando apenas parcialmente o retrocesso anterior”, afirma o instituto. “Os serviços, a seu turno, continuaram no vermelho”
Na comparação com o mês anterior, a produção industrial aumentou 7% e as vendas reais no varejo alçaram 19,6% de crescimento no conceito ampliado (incluindo veículos e material de construção). O setor de serviços não reagiu nem à comparação deprimida, com nova queda de -0,9% no faturamento real. O Iedi explica que os números colocados sob comparação com um ano atrás permanecem no vermelho – e muito.
“A indústria caiu -21,9%, o setor de serviços, -19,5% e o varejo ampliado, -14,9%. Cabe lembrar que os serviços foram o último setor a sair da crise de 2015/16 e seu primeiro ano de crescimento foi 2019, quando registrou alta de mero 1% no acumulado em jan-dez. Por ser muito intensivo em mão de obra este é um desempenho que limita a reação do emprego no país”, continua.
Outra comparação que exemplifica a situação é a comparação com a atividade de maio com a de fevereiro, ou seja, antes do impacto da pandemia. Neste caso, a indústria despencou -21,2%; os serviços, -18,8%; e o varejo ampliado, -15,1%.
Em contraste entre a queda disseminada em todos os setores de todos os segmentos da economia, está o varejo de supermercados – o único que conseguiu “ficar no azul”. Além do carácter essencial desses bens e do estímulo às vendas através dos canais digitais – citados pelo Iedi como fatores que suportaram alguma demanda – está o auxilio emergencial de R$ 600, responsável pela manutenção da renda de milhões de trabalhadores que tiveram de paralisar suas atividades ou perderam seus sustentos durante a quarentena. O Iedi acrescenta: “ao menos para este ramo a crise ainda não chegou”, sugerindo que a situação pode ainda se agravar diante da condução da política econômica e da contenção da pandemia.