Juros elevados e alta inadimplência das famílias aceleram retiradas nas cadernetas de poupança, que de janeiro a maio superaram os depósitos em R$ 69,23 bilhões
O Banco Central (BC) informou na terça-feira (6) o resultado dos depósitos e saques nas contas da Caderneta de Poupança no mês de maio. O saldo de depósitos foram menores em R$ 11,74 bilhões.
Esse saldo em maio reduziu o estoque acumulado dos valores depositados. Na comparação de maio sobre abril esse estoque teve uma redução de 0,62%, ficando em R$ 961,5 bilhões. Em abril o saldo acumulado era de R$ 967,5 bilhões.
Apesar da pequena redução de abril para maio, a quantia de depósito e saídas de todas as cadernetas de todo o país, de janeiro a maio deste ano, foi negativo em R$ 69,23 bilhões. Este é o maior saldo negativo desde 1995, conforme informa o BC. Um novo recorde de evasão de recursos da poupança nos primeiros cinco meses do ano. Os depósitos somaram R$ 1,53 trilhão e as retiradas totalizaram R$ 1,6 trilhão.
Numa situação de endividamento de 70 milhões de brasileiros, sendo 42% deles superendividados, com a nossa juventude amargando 42% em débitos no cartão de crédito, só resta para quem tem usar os recursos da poupança, na maioria das vezes acumulados com muito sacrifício. Para piorar, com o BC declarando sem reservas que seu objetivo é a recessão e o desemprego, mantendo para os bancos juros reais de mais de 8%, os maiores entre todos os países do mudo, ao manter a taxa Selic, básica de toda economia, em 13,75% há treze meses.
De março de 2021, quando a taxa era de 2%, até hoje, com os atuais 13,75%, o prejuízo já ao Tesouro Nacional ultrapassou os R$ 440 bilhões. O valor atualizado do prejuízo extra a cada 1% na taxa Selic é de 40,1 bilhões ao ano, conforme Auditoria Cidadã da Dívida.
Apesar da força da poupança como reserva das famílias para conquistas no futuro ou para garantia nos momentos difíceis, o saldo acumulado da poupança vem sofrendo perdas. Perdas essas, que também debilitam a próprio sistema da Caderneta de Poupança.
De setembro de 2021 para este último mês de maio, houve uma redução de mais de R$ 83,70 bilhões no estoque de recursos do sistema, depois de atingir R$ 1.043,5 trilhões de depósitos em setembro de 2021, o maior de toda a série (1995), e em maio, agora, eles ficaram em R$ 959,8 bilhões. As perdas deste ano (R$ 69,23 bilhões) representam 82% da redução desde o maior saldo registrado. Evidenciando uma brusca aceleração dos saques neste ano.