Senador peemedebista é investigado em 15 inquéritos, 12 da Lava Jato. Só não está preso por causa do foro privilegiado
A simples candidatura do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a uma vaga no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) fez o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) se desesperar e atacá-lo através de um vídeo publicado no twitter, neste domingo (22).
No vídeo, Renan destila seu veneno, como de costume, para jogar o ex-procurador contra a atual procuradora –geral, dizendo que Janot quer, com sua candidatura, ser “sentinela à porta de Raquel Dodge” e questiona: “Onde chegamos? Triste Brasil”.
O incômodo de Renan Calheiros com Rodrigo Janot não é à toa. O senador peemedebista é investigado em 15 inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Desses, 12 são da Operação Lava Jato e seus desdobramentos. Houve ainda mais dois que foram arquivados. Além disso, ele é réu no STF numa ação em que responde por peculato.
Ao atacar Janot, na realidade Renan mira todo o Ministério Público Federal (MPF), que não tem dado fôlego para seus crimes. Não por acaso ele citou em seus textos procuradores que pisaram na bola, como “Eduardo Pelella, Deltan Dallagnol, Anselmo Barros, Marcelo Miller”, tentando colocar tudo num mesmo patamar para desacreditar todo o Ministério Público Federal.
Renan – com a assessoria de Gilmar Mendes, do STF – é autor do projeto 280/2016 da Lei de Abuso da Autoridade que foi apoiado por todos os malfeitores no Congresso – e fora dele – investigados pela Lava Jato, em busca da impunidade. O projeto, aprovado no Senado, é uma ameaça à Lava Jato, pois prevê, entre outros absurdos, punição para procuradores, juízes e policiais federais pelo simples fato de haver divergência na interpretação da lei. Procuradores e juízes condenaram o projeto.
“É importante que ao juiz seja garantido que as interpretações que ele realizar da lei e do direito não sejam criminalizadas. Por isso, que a magistratura, com o apoio das outras instituições, é especialmente contra esse projeto”, disse o juiz Sérgio Moro, criticando o projeto.
Ao anunciar sua candidatura a uma vaga no CSMPF, órgão máximo de deliberação do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot disse que o fazia preocupado em unir forças ao lado dos seus colegas na defesa do MPF. “Acompanhando os fatos recentes envolvendo nossa Instituição, em especial os ataques desleais por ela sofridos, pareceu-me mais acertado permanecer na ativa, somando esforços para defendê-la”, disse Janot.
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