Para José Luis Oreiro, “não há apoio a qualquer aventura antidemocrática do Bolsonaro”
“A reunião com os embaixadores mostra o desespero de Bolsonaro”, declarou o economista e professor do Departamento de Economia da UnB, José Luis Oreiro, um dos mais enfáticos críticos à política econômica do atual governo, ao comentar a vergonhosa reunião na segunda-feira (18) com embaixadores, quando Bolsonaro agrediu o Brasil, o sistema eleitoral brasileiro e açulou o golpe, com ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O professor da UNB destacou as ausências, como a do embaixador do Reino Unido, e a nota do governo britânico onde diz que confia plenamente no sistema eleitoral brasileiro, um exemplo para o mundo.
“Então, aquele gesto do Bolsonaro foi um gesto desesperado, em que ele está tentando apoio internacional para melar as eleições. Ou pelo menos ele quer fazer com que os seus apoiadores acreditem que ele tem apoio internacional, coisa que ele não tem. O Brasil está totalmente isolado. Os Estados Unidos já se pronunciaram várias vezes, ontem foi o Reino Unido”, enfatizou Oreiro, destacando que “não há apoio a qualquer aventura antidemocrática do Bolsonaro”.
O economista José Luis Oreiro vem alertando que a política de juros altos implementados pelo Banco Central provocam efeito zero sobre a taxa de inflação, uma das mais altas do mundo e o aumento da taxa Selic só tem beneficiado os rentistas.
“Trata-se de um aumento em um ano de mais de R$ 100 bilhões. É isto que custou a política do Banco Central de elevação da taxa de juros, que até o presente momento teve efeito zero sobre a taxa de inflação”, afirmou o professor do Departamento de Economia da UnB, em entrevista recente ao HP.
“Dinheiro esse que poderia ser aplicado em aumento do investimento público, que certamente geraria na redução de inflação pelo lado dos custos porque aumentaria a produtividade da economia brasileira, geraria empregos, geraria renda e, portanto, reduziria a miséria – que é latente a olhos nus – existente no Brasil. E, também, você poderia fazer mais programas de assistência social para ajudar aos milhões de miseráveis que surgiram durante o governo Bolsonaro”, declarou.
Sobre a reunião com embaixadores observou: “Bolsonaro chama os embaixadores de diversos países que mantêm relações diplomáticas com o Brasil, com dois objetivos, o primeiro, é mostrar para o eleitorado dele que Bolsonaro é reconhecido pelos outros países do mundo. O que é uma grande bobagem, porque quando você serve no país como embaixador, se o chefe de Estado do país no qual você serve como embaixador te chama para uma reunião, sua obrigação é ir. Então, os embaixadores foram porque é a função deles. Quando termina a sua apresentação e vai para a questão das perguntas, a gente vê claramente no vídeo que nenhum embaixador faz pergunta, aí fica aquele silêncio constrangedor, o que mostra que nenhum deles endossou uma palavra sequer do que o Bolsonaro falou”.
ANTONIO ROSA