Saque em apenas 2 meses deste ano é maior do que em 2019
O resultado desastroso do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 somado a mais atos de desatinos do ocupante da cadeira presidencial mantiveram o chamado “mercado” agitado nesta semana. Na sexta-feira (6), o Ibovespa recuou 4,14% ao alcançar 97.966 pontos, menor patamar de fechamento desde 27 de agosto, 97.276 pontos. Na semana, a Bolsa de Valores recuou 5,95% e no acumulado do ano o tombo é de 15,28%.
Até dia 4 de março, os especuladores estrangeiros sacaram R$ 44,8 bilhões da Bolsa de Valores em 2020, maior valor da história para um ano. Este montante supera a soma retirada em todo o ano passado, R$ 44,5 bilhões, sem contar ofertas de ações IPOs (ofertas iniciais de ações) e follow-ons (ofertas subsequentes de ações).
A velocidade de saída também bateu recorde. Neste ano foram retirados cerca de R$ 1,05 bilhão por pregão – média diária superior ao R$ 44,6 bilhões (em valores corrigidos pela inflação) que foram sacados no ano de 2008, período em que a crise financeira explodiu.
Levando em conta os IPOs e follow-ons, o fluxo total de recursos externos (mercado primário e secundário) ficou negativo em R$ 33,5 bilhões no ano. Em 2019, considerando essas operações, a saída foi de R$ 4,7 bilhões.
No entanto, a saída de estrangeiros não foi apenas localizada na Bolsa de Valores. De acordo com informações do Banco Central (BC), o saldo de movimento financeiro no país está negativo em US$ 10,8 bilhões, ou R$ 50 bilhões, em 2020 – resultado pior que os cinco primeiros meses de 2019.
A moeda norte-americana terminou a semana cotada em R$ 4,63. Entre todas as moedas, o real é a que mais se desvaloriza no ano, perdendo 15,5% ante o dólar. Antes do agravamento dos efeitos do surto do coronavírus na economia global, o dólar já estava em disparada, próximo dos R$ 4,30.
Na quarta-feira (4) o IBGE divulgou que o PIB de 2019 cresceu apenas 1,1% frente ao ano anterior. No início desta semana (2), os economistas do mercado reduziram de 2,20% para 2,17% as projeções de crescimento para o PIB em 2020. Esta é a terceira semana consecutiva que o mercado reduz a previsão de crescimento da economia este ano. Na primeira leitura do Boletim Focus, em janeiro, a economia do País iria crescer 2,30%. O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma de todos os bens e serviços feitos no país.
Diante disto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fingiu que estava tudo dentro do esperado, comemorou a queda do investimento público e tentou enrolar os brasileiros com sua teoria terraplanista do PIB Privado.
Já Bolsonaro colocou um ator fantasiado de presidente para distribuir bananas a jornalistas que aguardavam Bolsonaro, na frente do Palácio do Planalto, para uma entrevista coletiva. Ademais, Bolsonaro disse durante uma live na quinta-feira (5) que a economia está “muito bem” e que “o Brasil está bem, tudo bem diferente do publicado pela mídia” e, neste sábado (7), voltou a convocar seus seguidores a participar das manifestações marcadas para o dia 15 de março contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante de tudo isto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a criticar Bolsonaro, afirmando que o presidente afasta “investidor” e “viraliza ódio”.
“O governo gera uma insegurança grande para a sociedade e para os investidores. As pessoas estão deixando de investir pela questão do meio ambiente e pela questão democrática”, disse Maia durante palestra sobre a agenda parlamentar em 2020 no Instituto Fernando Henrique Cardoso, no centro de São Paulo.
ANTONIO ROSA