
A Câmara Municipal de São Paulo vetou novamente a realização de um evento em repúdio à agressão nazi-israelense ao povo da Palestina em uma concessão ao lobby sionista.
O seminário intitulado “77 anos da NAKBA – Uma aula de resistência”, programado para o dia 14 de maio de 2025, foi cancelado por decisão do presidente da Casa, vereador Ricardo Teixeira (União Brasil).
A Nakba (catástrofe) é o nome dado à expulsão forçada de palestinos de suas casas e territórios pelas tropas de Israel iniciada desde a ocupação no final da década de 1940.
Em ofício, o presidente da Câmara afirma que a sua decisão tem como objetivo garantir que as atividades realizadas na Câmara estejam alinhadas aos princípios institucionais, “especialmente ao respeito mútuo, à diplomacia e à democracia”.
O ato solene, agendado para quarta-feira, às 19h, foi solicitado pela vereadora Luna Zarattini, líder do PT na Câmara. A vereadora Luna rebateu o presidente e diz que o “argumento burocrático esconde um veto político”.
“O procedimento para agendar foi o mesmo de sempre, não existe essa prática de submeter os eventos para aprovação prévia da Mesa Diretora por parte de nenhum vereador”, diz Luna.
“É lamentável que a Câmara Municipal de São Paulo continue fechando as portas para a comunidade palestina de nossa cidade, já é a segunda vez que isso acontece”, prosseguiu a vereadora.
A atividade, organizada pelo Núcleo Palestina do PT e pela Bancada de Direitos Humanos da Câmara, contaria com a presença de personalidades, membros da comunidade palestina e ativistas de direitos humanos.
A suspensão do evento ocorre um ano após o então presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), também cancelar um seminário similar, alegando preocupações expressas pelo Consulado Geral de Israel em São Paulo. Na ocasião, o consulado criticou o material de divulgação do evento, considerando-o de “teor fortemente antissemita”.
Em resposta ao veto mais recente, a Executiva Municipal do PT de São Paulo divulgou uma nota de repúdio, classificando a decisão como censura e destacando a crescente intolerância e repressão contra a expressão de solidariedade ao povo palestino.
O partido também ressaltou que o cancelamento ocorre em uma semana marcada por bombardeios israelenses que resultaram na morte de nove crianças palestinas, somando-se às mais de 52 mil vítimas do genocídio que está em curso na Faixa de Gaza pelas forças militares de Israel.
“Não podemos aceitar este tipo de censura calados. Há cerca de um ano, o então presidente da Câmara Municipal Milton Leite também proibiu um evento sobre a Palestina. Naquele caso, ele deixou explícito que o pedido vinha direto do Consulado de Israel”, destaca a nota do PT da capital paulista.