Os trabalhadores de uma das maiores rede de supermercados do Rio de Janeiro, o Mundial, começaram a sentir os efeitos da reforma trabalhista de Temer. A categoria decretou “estada de greve” na semana passada (13), contra cortes no pagamento de salários, que chegaram a R$700.
A primeira revolta ocorreu na zona norte da capital fluminenses, quando, no início do mês, duas meninas que trabalham no caixa registrador pararam de trabalhar em protesto contra a falta do pagamento de horas extras. A empresa, na época, passou a seguir um decreto presidencial assinado três semanas após a sanção da reforma trabalhista. O decreto tornou a atividade dos supermercados essencial, ou seja, as empresas não são mais obrigadas a pagar 100% de hora extra por domingos e feriados. “Primeiro eles cortaram as horas extras pela metade, disseram que era para a gente se adaptar. Mas em seguida cortaram tudo”, denunciaram funcionários.
Diante da reclamação das funcionárias, um gerente começou a anotar o nome das duas caixas como forma de coagir o protesto, porém, outras caixas apoiaram o movimento e cruzaram os braços. Em poucos minutos todos os setores do supermercado pararam. A mobilização destes trabalhadores encorajou funcionários de outras unidades em Copacabana, na Tijuca, na Freguesia e Botafogo. “De início, a gente só queria 15 minutos de atenção para eles verem que a gente não estava dormindo. Não imaginávamos que teríamos toda essa repercussão”, contaram funcionárias que não quiseram se identificar.
Em uma reunião de mediação na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego (SRTE) no Rio, realizada no dia 16, o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro apresentou as reivindicações da categoria. Além da volta do pagamento das horas extras, eles pedem o fim do acúmulo e do desvio de função, reenquadramento das caixas como “operadoras de caixa” ao invés de “atendentes”, concessão de pausa para lanche também para os trabalhadores de frente de loja, entre outras pautas.