A Polícia Civil investiga mais uma chacina que deixou cinco pessoas mortas na Vila Operária, em Duque de Caxias, na baixada Fluminense. Duas mulheres e três homens foram mortos a tiros no final de uma festa na Praça Governador Paulo Torres, no fim da madrugada do último sábado (28).
De acordo com testemunhas presentes no local, homens encapuzados passaram atirando em direção ao trailer que às vítimas estavam. São eles: Douglas Carneiro, 35 anos; Carla Gomes Maria, 37 anos; Felix Fonseca da Silva, 46 anos, Marlon de Souza, 19 anos e Rosangela de Souza Ribeiro, de 49 anos.
Um relatório divulgado na manhã da última quinta-feira (26) pelo Observatório da Intervenção mostra que nos dois primeiros meses da operação militar na segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, o número de chacinas dobrou e tiroteios aumentou.
Os resultados do relatório são baseados informações divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), em dados coletados pelo laboratório de Fogo, de pesquisas oficiais e de dados divulgados pelo Comando Militar do Leste Cruzado.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, o número de chacinas dobrou no estado do Rio de Janeiro. Em abril de 2017, foram registradas seis chacinas com 22 vítimas. No mesmo período deste ano foram 12 chacinas, com 12 mortos.
Levando em consideração as informações ai expostas, é nítido que a decisão de Temer de colocar a Segurança Pública do estado sob intervenção militar está trazendo o efeito contrário do esperado. Isso aconteceu após o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, admitir, há pouco mais de dois meses, a incapacidade de sua gestão de combater o crime organizado. “Só com a ação da polícia militar e civil não estamos conseguindo dar segurança à população”, afirmou na ocasião.
O número de confrontos armados também aumento segundo os dados do laboratório Fogo Cruzado. Em janeiro e fevereiro, os dois meses pré-intervenção tiveram 1.299 tiroteios no Estado do Rio de Janeiro. Nos dois meses seguintes ao início da operação, em março e abril, o número aumentou para 1.502 trocas de tiros.
“Quando a gente compara o que aconteceu no Rio de Janeiro nos últimos dois meses, sob intervenção, com o que havia antes, que foi o que a justificou, a gente percebe que as condições de segurança e criminalidade se mantiveram em um nível tão alto como o que estava antes ou pioraram como no caso dos crimes contra o patrimônio e dos roubos de rua”, destacou Silvia Ramos, coordenadora do Observatório da Intervenção.
“É muito preocupante que a gente veja o aprofundamento de um modelo de política de segurança pública que não reduz a violência, que a gente sabe que não dá certo, que vai custar muito caro, que não tem transparência e que vai resultar em mais violações de direitos humanos”, destacou Renata Neder, coordenadora de pesquisas da Anistia Internacional no Brasil.