Motoristas de Ônibus e Metroviários de São Paulo aprovaram greve dia 19
Os trabalhadores de diversos segmentos dos transportes do estado de São Paulo realizaram uma plenária na tarde desta segunda-feira (11) e aprovaram estado de Greve contra o assalto à Previdência pretendido por Temer. A categoria decidiu que a Greve Geral será deflagrada dia 19 caso a matéria vá para votação no Congresso Nacional.
“Nosso compromisso é com a defesa dos direitos dos trabalhadores, e a nossa categoria, por sua origem e história, irá construir a luta contra essa reforma da Previdência”, afirmou Waldevan Noventa, presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário e Urbano de São Paulo, durante a plenária na sede do sindicato.
A assembleia desta segunda reuniu diversas categorias do setor de transportes, como os Sindicatos de Condutores de São Paulo, Osasco, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Sorocaba, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, a Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), a Federação Nacional dos Trabalhadores no Transporte, e as federações estaduais de São Paulo.
O governo, que vem tentando sem sucesso convencer (ou comprar) os deputados da base aliada para votarem a favor da PEC, anunciou que iniciará o processo de votação no próximo dia 18. São necessários 308 votos para aprovar a PEC (Proposta de Emenda a Constituição) que estabelece a reforma, cujo conteúdo se baseia em impedir o acesso à aposentadoria com a criação de mais barreiras como a idade mínima de 65 anos para homens, 62 para mulheres e a necessidade de comprovar contribuição de 44 anos para ter acesso ao benefício integral.
“O compromisso dos Rodoviários é pela aposentadoria do nosso povo e estamos preparados para mostrar isso para o Michel Temer. Ele está fazendo nosso povo sangrar, vamos à luta e mostrar para ele que juntos somos mais fortes”, disse Francisco Mendes da Silva, o Chicão, presidente do Sintetra (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Grande ABC), durante a plenária.
Para o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas, a definição de um dia de paralisação é fundamental para que o movimento seja vitorioso. “Para movimentar alguém para qualquer luta, é preciso apontar um determinado caminho, concreto, e nesse caso esse caminho concreto é parar dia 19. Se eles retirarem a proposta da pauta no dia 19 ou 18, não tem como votar, então acabou. Se ficar para o ano que vem é vitória nossa. Por isso dia 19 é Greve Geral”, apontou o dirigente, que ainda ressaltou: “ainda tem quem defenda que não devemos paralisar, que não devemos decidir um dia porque o Governo não tem uma data para votar. Essa posição é de quem não quer fazer greve”, completou.
Durante a plenária, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, concordou: “O momento agora é esquentar o estado de greve aprovado no Fórum da Centrais. Eles estão determinados em colocar para votar, mas nós estamos muito mais determinados em lutar”. E emendou: “Se colocar para votar, o Brasil vai parar”.
Também o coordenador do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo, apontou para a paralisação como a única solução contra a reforma. “Os metroviários entendem a complexidade da luta nesse etapa, que nos cobra unidade e resistência do conjunto da classe trabalhadora. Porque quando lutamos juntos somos mais fortes (…) Essa luta é nossa e podem contar com os Metroviários para construir a luta contra a reforma da Previdência”, disse.
Embora profundamente impopular, a medida pode vir a ser votada antes do recesso parlamentar. O governo vem tentando de tudo para “convencer” os deputados a votarem o texto da PEC. Para tentar ganhar apoio na população, chegou a veicular uma propaganda em rede nacional de televisão dizendo que a reforma era para “acabar com privilégio”, o que não colou. Hoje, dois terços dos aposentados do Brasil recebam apenas um salário mínimo.
A verdade é que a proximidade das eleições vem falando mais alto. Com um congresso todo eleito na base da compra de votos, doações suspeitas e estando a metade dos deputados sob o risco de ir parar na cadeia caso perca o foro privilegiado, a pressão do povo é fundamental, pois “quem votar, não volta”.
“Essa definição é muito importante. Em primeiro lugar estado de greve em todo e qualquer local. Em segundo está indicado que, no dia 19, se for colocar para votar vai haver uma paralisação nacional, uma greve geral, e todo o setor de transporte vai parar, assim como todas as outras categorias”, ressalta Luiz Carlos Prates, o Mancha, dirigente da Conlutas.