
Milhares de educadores do Rio Grande do Sul participaram de assembleia na terça-feira (26), em frente ao Palácio Piratini, dando continuidade à greve da categoria iniciada no dia 18.
Uma das principais reivindicações dos docentes é que o governador Eduardo Leite retire o pacote de reforma administrativa que faz mudanças no plano de carreira dos professores, enviado em regime de urgência à Assembleia Legislativa. Entre outros pontos, o projeto do governo revê a progressão funcional dos professores. Além disso, outras questões que têm mobilizado a categoria são os salários defasados, com o não pagamento do piso nacional do magistério, e os 47 meses de vencimentos parcelados.
Durante a manifestação, a tropa da Brigada Militar usou spray de pimenta e distribuiu golpes de cassetete contra os professores que ocupavam a frente ao palácio e derrubarem os gradis que cercavam o Palácio. A revolta se deu devido ao descaso dos representantes do governo, que se recusaram a receber o comando de greve para negociar dentro do Palácio. Com isso, o tumulto aumentou e dezenas de pessoas foram feridas, inclusive a presidente do Sindicato dos Professores e Funcionários e Funcionários de Escola do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers), Helenir Aguiar Schürer.
“Lamentamos profundamente o uso de força desproporcional contra manifestantes, incluindo membros da direção central do CPERS e do Comando de Greve, após a derrubada dos gradis que separavam o Piratini do público presente”, afirma nota do Cpers.

“Como amplamente documentado em imagens, a comitiva do CPERS visava entregar um ofício ao governo do Estado, solicitando a retirada do pacote da pauta da Assembleia Legislativa”.
“Projetos estes de todo rejeitados pelos educadores (as) e que representam a gota d´água de um massacre que já perdura por cinco anos, deflagrando uma das maiores greves dos 74 anos de história do CPERS”.
Durante a assembleia, os professores aprovaram a continuidade da greve, com mais protestos na próxima quinta-feira (28), mostra pedagógicas na Praça da Matriz e adesão a outras manifestações convocadas pelas demais categorias de servidores públicos.
“A greve continua, com adesão maciça em todo o estado, mais de 80% da categoria paralisada, amplo apoio das comunidades escolares e a compreensão da sociedade, incluindo mais de 200 moções de apoio de Câmaras Municipais e a histórica manifestação da Famurs, entidade que congrega prefeitos e gestores de todas as 497 cidades gaúchas”, ressalta o Sindicato dos Professores.


SERVIDORES SE SOMAM À GREVE
Também na terça-feira, servidores públicos estaduais de outras categorias também aderiram à greve por tempo indeterminado.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (Sintergs), Nelcir André Varnier, os servidores exigem que no mínimo, seja retirado o regime de urgência da tramitação do projeto entre os parlamentares.
“Se somar o número de folhas, são 400. Ele [o governador] quer para ontem. É desumano, as pessoas têm que estudar, tem pareceres jurídicos. Parece uma rasteira, um golpe, ainda mais em fim de ano”, lamenta.
Conforme a entidade, cerca 65% dos funcionários públicos de diversas secretarias estaduais estão em greve.