Apesar de descartar a proposta brasileira, vice-chanceler Sergey Ryabkov afirmou que a relação positiva com o governo Lula continua e destacou que os chanceleres Mauro Vieira e Sergey Lavrov se reuniram na Índia nesta semana e que estabeleceram um diálogo para ampliar a cooperação bilateral.
O vice-chanceler russo, Sergey Ryabkov, afirmou não ser necessário o plano de paz apresentado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para pôr fim à guerra na Ucrânia. “Não há necessidade de mediação, como tal”, afirmou Ryabkov em entrevista coletiva em Genebra nesta quinta-feira (2).
Em relação ao voto brasileiro na Assembleia Geral das Nações Unidas, Ryabkov disse “lamentar” a posição adotada pelo governo brasileiro. “Lamentamos que o Brasil votou da forma que fez”, disse Ryabkov. O diplomata não citou diretamente a pressão de governos estrangeiros, mas destacou que “o voto [do Brasil] mostra que considerações outras que não aquelas sobre o que ocorreu foram feitas”.
“Respeitamos completamente a vontade política da liderança brasileira, que quer encontrar uma forma de colocar um fim à guerra”, completou o diplomata. “Mas, quando falo que não existe necessidade de mediação, a única coisa que precisa da parte de outros é reconhecer o interesse legítimo da Rússia”, enfatizou. “Se o Brasil fosse capaz de apreciar de forma ampla a lógica intrincada desse caso trágico, então acho que o Brasil votaria numa forma que pelo menos seria de abstenção”, completou.
Apesar de descartar a proposta brasileira, ele afirmou que a relação positiva com o governo Lula continua e destacou que os chanceleres Mauro Vieira e Sergey Lavrov se reuniram na Índia nesta semana e que estabeleceram um diálogo para ampliar a cooperação bilateral. Os chanceleres da Rússia, Sergey Lavrov, e do Brasil, Mauro Vieira, se reuniram durante o encontro dos chanceleres do G-20, grupo das maiores economias do mundo.
Segundo interlocutores, o chanceler brasileiro, ouviu atentamente as explicações de Lavrov, como aconteceu na Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha, em fevereiro, de modo a avaliar a situação e entender as razões russas.
O chanceler russo forneceu detalhes sobre as diversas tentativas de paz que ocorreram antes da eclosão da guerra, como a mediação buscada através da Turquia, ainda em 2022, quando aquele país, através do presidente Tayyip Erdogan, promoveu várias rodadas de negociação entre russos e ucranianos.