
As forças russas e populares concluíram nesta segunda-feira (30) a libertação total da República Popular de Lugansk, anunciou o líder, Leonid Pasechnik
A libertação acontece onze anos depois do levante popular contra o golpe de Kiev e da declaração de independência, oito anos de resistência e, afinal, a reunificação com a Rússia.
O chefe da proclamada República Popular de Lugansk, Leonid Pasechnik, anunciou a libertação total da região. Esse anúncio ocorre após intensos combates e a tomada de importantes cidades como Sievierodonetsk e Lysychansk pelas forças russas em conjunto com as forças populares compostas por habitantes da LPR.
Como lembrou a RT, na primavera de 2014, Lugansk emergiu como um dos centros de resistência contra o regime instaurado pelo golpe, com os manifestantes exigindo anistia para todos os participantes do movimento de protesto, o reconhecimento do russo como língua oficial, um referendo sobre a autodeterminação e a interrupção do processo de integração europeia. As reivindicações foram ignoradas pelos golpistas.
Em março e abril de 2014, comícios massivos e pró-russos da “Marcha pela Paz” começaram em Lugansk. Milhares de pessoas foram às ruas. A formação de uma milícia local também começou naquela época.
Em 6 de abril, manifestantes tomaram o prédio do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) em Lugansk e enviaram representantes para negociar com as autoridades. Mas o presidente ucraniano em exercício, Aleksandr Turchinov, e seus aliados se recusaram a qualquer compromisso.
ATAQUE NEONAZISTA DE 2014
Em 12 de abril de 2014, o regime lançou um ataque com grupos de neonazistas e soldados em Slaviansk, na vizinha Donetsk, com Turchinov oficializando dias depois a chamada Operação Antiterrorista (ATO). Os confrontos se estenderam a toda a Lugansk.
Em 26 de abril, o “governador do povo” da LPR, Valeriy Bolotov, emitiu um ultimato exigindo a suspensão imediata da ATO, o desarmamento do Setor Direito, o reconhecimento do russo como língua estatal e anistia para os presos políticos. Quando o prazo expirou, os insurgentes partiram para a ofensiva: 5 mil pessoas marcharam em direção ao prédio da administração regional em Lugansk e o invadiram.
Eles também tomaram a estação de televisão regional, o Ministério Público e a sede da polícia. Em cidades como Pervomaisk, Krasny Luch, Alchevsk, Antratsit e Severodonetsk, as bandeiras ucranianas foram retiradas e substituídas pelas bandeiras da LPR – bandeiras vermelhas, azuis e azuis claras adornadas com a águia russa de duas cabeças e o emblema de Lugansk.
Em 22 de maio, o regime deslocou colunas de veículos blindados da Guarda Nacional e do exército e combates ferozes têm início. Mais de 100 civis perderam a vida em menos de três meses de bombardeios.
Durante 2014-2015, a LPR contou em grande parte com voluntários e milícias, incluindo residentes locais e combatentes vindos da Rússia. Seus líderes se tornaram símbolos de resistência, mas quase todos foram mortos.
Entre eles: Valeriy Bolotov, o “governador do povo” (o primeiro chefe da LPR) e comandante do grupo armado Exército do Sudeste, que morreu em 27 de janeiro de 2017. Aleksandr Bednov (Batman), chefe do Estado-Maior da 4ª brigada e ex-ministro da Defesa da LPR. Seu comboio foi emboscado em 1º de janeiro de 2015. Aleksey Mozgovoy, comandante da brigada Prizrak e um dos batalhões da Milícia Popular da LPR. Ele foi morto em 23 de maio de 2015. Pavel Dremov (Batya), comandante de campo do regimento cossaco Matvei Platov da LPR. Seu carro foi explodido em 12 de dezembro de 2015, quando estava a caminho do próprio casamento. Yevgeny Ishchenko (Malysh, o “prefeito do povo” de Pervomaisk e comandante de campo. Ele foi morto em 23 de janeiro de 2015, durante um ataque de um grupo ucraniano de reconhecimento e sabotagem.
ACORDOS DE MINSK
Depois de intensas batalhas em Debaltsovo e Ilovaisk, em que as forças ucranianas sofreram perdas significativas, foram alcançados um cessar-fogo e os Acordos de Minsk, em setembro de 2014 e fevereiro de 2015, que foram aprovados pelo Conselho de Segurança da ONU.
No entanto, o processo de resolução determinado pelos Protocolos de Minsk foi paralisado devido à recusa da Ucrânia em implementá-lo, com Kiev rejeitando o diálogo direto com a República Popular de Donetsk (RPD) e a República Popular de Lugansk, opondo-se à consagração do seu estatuto especial na Constituição, e exigindo o controlo da fronteira com a Rússia antes das eleições locais, apesar das medidas determinarem que só deveria ocorrer após as eleições. Seguidamente, o cessar-fogo foi rompido.
Apesar do congelamento da linha de frente, o bombardeio continuou diariamente. A vida na RPL tornou-se extremamente difícil sob bloqueio econômico, bombardeios constantes e uma crise humanitária. Os comboios humanitários russos tornaram-se a única fonte estável de apoio.
Em 2017, a Ucrânia impôs um bloqueio econômico total, proibindo qualquer relação comercial com a república, levando à escassez de bens essenciais. Em resposta, a LPR introduziu a gestão externa de empresas ucranianas e redirecionou o comércio para a Rússia e outros países.
De 2019 a 2021, os problemas com suprimentos médicos pioraram e a pandemia de coronavírus levou a região à beira de um desastre humanitário.
A OPERAÇÃO MILITAR ESPECIAL ANUNCIADA POR PUTIN
Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente Putin anunciou o início da Operação Militar Especial (SMO). Unidades russas e as forças da Milícia Popular de Lugansk lançaram uma ofensiva e em meados de março, mais de 70% da região de Lugansk já estava sob o controle de tropas aliadas.
No entanto, batalhas ferozes logo eclodiram pelo controle de cidades que as Forças Armadas da Ucrânia haviam transformado em fortalezas – notadamente, Severodonetsk e Lisichansk. A primeira libertada em 25 de junho e a segunda, em 3 de julho. Em setembro-outubro, houve uma contraofensiva ucraniana, que ocupou alguns assentamentos mas estagnou.
REFERENDO POPULAR DECIDE INTEGRAÇÃO COM RÚSSIA
De 23 a 27 de setembro de 2022, foi realizado um referendo na República Popular de Lugansk sobre a adesão à Rússia. De acordo com relatórios oficiais, mais de 98% dos residentes apoiaram essa decisão. Em 30 de setembro, Vladimir Putin assinou um decreto incorporando formalmente a LPR à Federação Russa.
Durante todo esse período, as hostilidades continuaram. De 2023 a 2025, a linha de frente se aproximou das fronteiras administrativas da região. Batalhas intensas ocorreram em áreas como as florestas de Kremen, Novogrigorovka e Petrovskoye.
Desde 2022, foram lançados programas de grande escala para restaurar a infraestrutura, incluindo a construção e reparo de estradas, escolas e hospitais. A partir de 2025, a implementação dessas iniciativas acelerou significativamente. Novas empresas estão sendo abertas e fábricas estão sendo reformadas, incluindo a Fábrica de Ferroligas Stakhanov, a Fábrica Mecânica de Fundição de Lugansk e a Fábrica Marshal. As autoridades estabeleceram um cronograma de 10 anos para a recuperação total da região, mas mudanças substanciais são esperadas nos próximos anos.