Em seu discurso anual à Assembleia Federal (o senado russo) o presidente Vladimir Putin anunciou nesta quinta-feira 1º de março que a Rússia desenvolveu, testou e está colocando em operação novos sistemas de mísseis, veículos hipersônicos ultramanobráveis, um míssil de cruzeiro com um reator nuclear miniaturizado e alcance quase ilimitado e um drone subaquático praticamente invulnerável, que tornam obsoleta a parafernália erguida pelo Pentágono para seguir chantageando o mundo inteiro, e suas mais recentes derivações, o ‘escudo antimíssil’ e o projetado sistema de ‘ataque global’.
Como destacou o líder russo, os novos sistemas basicamente ignoram as capacidades antibalísticas norte-americanas e a defesa ianque vira peça de museu. Alguns desses novos sistemas russos ainda nem têm nome. Durante o discurso, foram exibidos vídeos e computações gráficas sobre as novas armas.
O sistema hipersônico Avanguard, destacou Putin, já está em produção em série, tendo uma ogiva que plana desde o espaço a velocidades de mais de 20 vezes a velocidade do som e pode suportar um calor de até 2000 ºC, inutilizando os sistemas de interceptação dos EUA, e ainda com capacidade de realizar manobras em altura e extensão.
Os mísseis hipersônicos Kinzhal (“Punhal”), já em operação no Distrito Militar Sul russo, voam a 10 vezes a velocidade do som, podendo manobrar ao longo de toda a trajetória, com alcance de 2000 km e portar ogivas nucleares e convencionais, ignorando os antimísseis de Washington.
A Rússia também desenvolveu e testou um reator nuclear miniaturizado, que possibilitou a criação de um míssil de cruzeiro de alcance praticamente ilimitado, que é uma nova classe de armamento estratégico, por não utilizar trajetórias balísticas de vôo, razão pela qual não pode ser interceptado pelos sistemas inimigos atuais.
Pode voar baixo o suficiente para evitar a detecção precoce, pode mudar de caminho e manobrar para chegar ao alvo. O reator é 100 vezes menor que os usados por submarinos de propulsão nuclear e gera mais potência.
O mesmo reator miniaturizado permitiu a criação de um veículo submarino não tripulado, que se desloca a grande profundidade e é capaz de cobrir distâncias intercontinentais, a velocidades várias vezes superior a de submarinos, torpedos e navios de superfície. Eles podem ser equipados com cargas nucleares ou convencionais e entre os possíveis alvos estão porta-aviões e alvos na costa.
Há ainda o substituto do Voevod, que os imperialistas chamavam de Satã, e era o peso pesado da defesa nuclear soviética, pelo novo míssil balístico intercontinental Sarmat, ou R-28, de 100 toneladas, que tem um alcance maior e pode atingir o território dos EUA também através de uma rota do Pólo Sul, e pode levar inclusive ogivas hipersônicas. Os EUA possuem dezenas de mísseis interceptadores implantados no Alasca sob a suposição de que os ICBMs russos só viriam via Pólo Norte.
Putin anunciou, ainda, a entrada em operação de canhões antiaéreos a laser e se referiu ao sistema de interferência eletrônica russo, capaz de “apagar” navios de guerra inteiros e a aviação inimiga.
A Rússia se viu forçada a desenvolver essas armas após a retirada unilateral e arrogante, no governo de W. Bush, dos EUA do Tratado ABM, que era considerado a pedra fundamental do equilíbrio estratégico, seguida pela implantação de um sistema antimíssil nas fronteiras russas, mas cinicamente dito ser contra “o Irã”, o deslocamento cada vez maior de tropas da Otan e a apologia da ‘vitória na guerra nuclear ser possível’ por parte dos maníacos de guerra.
O presidente russo salientou que a Rússia não precisaria de todas essas novas armas se suas preocupações legítimas sobre segurança estratégica não fosse ignoradas pelos EUA e satélites. “Ninguém nos ouviu. Agora, escutem vocês”.
ANTONIO PIMENTA
Assista ao vídeo sobre as armas russas, exibido pela RT