Moscou propõe na 9ª Conferência de revisão da BWC inclusão de lista de patógenos proibidos e de um mecanismo de verificação
A Rússia anunciou que irá apresentar à 9ª Conferência de Revisão dos Estados Partes da Convenção das Armas Biológicas (BWC, na sigla em inglês), que teve início na segunda-feira (28) em Genebra, proposta de fortalecer o tratado internacional de não-proliferação ao tornar obrigatórias todas as suas disposições.
Para isso, a Rússia quer a aprovação de um protocolo que liste patógenos proibidos e que inclua um mecanismo de verificação, disse o representante permanente da Rússia no Escritório da ONU e outras organizações internacionais em Genebra, Gennady Gatilov. A conferência irá até o dia 16 de dezembro.
O fortalecimento do BWC com um protocolo listando patógenos proibidos e delineando um mecanismo de verificação também foi defendido no sábado (26) pelo tenente-general, Igor Kirillov, chefe das Tropas de Proteção Nuclear, Biológica e Química do Ministério da Defesa da Rússia.
“Junto à grande maioria dos Estados-membros, a Rússia está convencida de que a eficácia da convenção seria significativamente aumentada com a adoção de um protocolo universal, juridicamente vinculativo e não discriminatório que abranja todos os artigos da convenção e forneça uma verificação eficaz mecanismo”, disse Gatilov na conferência.
O diplomata lamentou que o desenvolvimento de tal ferramenta esteja bloqueado pelos Estados Unidos desde 2001 e enfatizou que a Rússia defende a retomada dos trabalhos do protocolo.
Durante sua operação militar especial na Ucrânia, Moscou afirmou ter descoberto uma rede de mais de 30 laboratórios biológicos em território ucraniano. De acordo com Kirillov, o Pentágono administra biolaboratórios secretos na Ucrânia há anos, pesquisando patógenos altamente perigosos e exportando amostras biológicas violando a BWC.
Kirillov denunciou também que a Universidade de Boston, nos EUA, desenvolveu uma nova cepa de coronavírus com 80% de letalidade, combinando as variantes Ômicron e Wuhan originais.
Por sua vez a China endossou em março a denúncia da Rússia sobre uma rede global de laboratórios de guerra biológica do Pentágono. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da China, “os EUA têm 336 laboratórios em 30 países sob seu controle, incluindo 26 somente na Ucrânia“.
NULAND E OS ‘BIOLABS’ NA UCRÂNIA
A importância desta 9ª conferência é realçada pela descoberta, após a operação especial militar russa na Ucrânia, que o país abrigava uma rede de laboratórios de guerra biológica ligados ao Pentágono, fato bastante denunciado por Moscou, e que acabou confirmado, pela própria subsecretária de Estado de Biden Victoria Nuland, sob juramento, ao Congresso dos EUA, ao ser perguntava a respeito por um senador republicano.
Na época, Moscou declarara ter obtido “documentos provando que laboratórios biológicos ucranianos localizados perto das fronteiras russas trabalhavam no desenvolvimento de componentes de armas biológicas”.
Sobre isso, é esclarecedor o relato do jornalista Gleen Greenwald sobre o circunlóquio entre Nuland e o senador Marco Rubio, que lhe perguntara se “a Ucrânia tem armas químicas ou biológicas?”.
Ao contrário do esperado, assinala Greenwald , “Nuland não negou de forma alguma”.
Com um desconforto palpável da caneta girando nos dedos e em um discurso lento, num contraste gritante com seu estilo normalmente arrogante de falar no dialeto oficialês do Departamento de Estado – a descrição é do jornalista -, a subsecretária reconheceu: “Uh, a Ucrânia tem, uh, instalações de pesquisa biológica”.
Ainda segundo Greenwald, qualquer esperança de descrever tais ‘instalações’ como benignas ou banais foi imediatamente destruída pelo que ela disse em seguida: “estamos agora de fato bastante preocupados que as tropas russas, as forças russas, podem estar procurando, uh, tomar o controle [desses laboratórios]. Então estamos trabalhando com os ucranianos sobre como eles podem evitar que qualquer um desses materiais de pesquisa caia nas mãos das forças russas caso eles se aproximem”.
A bizarra admissão de Nuland de que “a Ucrânia tem instalações de pesquisa biológica” suficientemente perigosas para justificar a preocupação de que poderiam cair em mãos russas constituiu, ironicamente, uma evidência mais forte da existência de tais programas na Ucrânia, concluiu Greenwald.