A decisão do governo Trump, de criar um novo braço armado para os EUA, o sexto do Pentágono, sua “força armada espacial”, foi repudiada pela Rússia e a China. Em março, quando pela primeira vez falara nisso, Trump havia dito que sua estratégia nacional via o espaço como “um campo de batalha, igual a terra, ar e mar”. Agora, de forma explícita, acrescentou que o objetivo da nova força é impor “o domínio norte-americano do espaço”.
O anúncio foi imediatamente condenado por Moscou, por pôr mais lenha na fogueira armamentista, com a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, explicitando que o mais grave no anúncio é o objetivo claramente indicado de “dominar o espaço”. “O reforço militar no espaço teria um impacto desestabilizador sobre a estabilidade estratégica e a segurança internacional”, advertiu.
Zakharova acrescentou que, para a Rússia, a prioridade é a exploração do espaço para fins pacíficos. “Nosso país não tem interesse em realizar nenhuma tarefa no espaço usando meios de ataque”, insistiu. A Rússia opera, junto com os EUA e demais parceiros, a Estação Espacial Internacional e desde que Washington aposentou os ônibus espaciais Shuttle, são foguetes russos que mantém a ISS abastecida. Lançadores americanos dependem no momento de motores russos.
Também Pequim manifestou sua oposição a qualquer “força armada espacial”. “O espaço é um bem que é compartilhado por toda a humanidade. A China sempre advogou o uso pacífico do espaço e se opõe à sua militarização e à carreira armamentista espacial”, afirmou o porta-voz da chancelaria, Geng Shuang.
Ele também contestou a “percepção do espaço como um ‘campo de batalha’”, expressa por Washington, manifestando a esperança de que os países “façam um esforço conjunto para preservar a paz e a calma no espaço exterior”.
A criação efetiva dessa “força armada espacial” depende de aprovação do Congresso e a porta-voz do Pentágono, Dana White, asseverou sem entusiasmo que será analisada cuidadosamente. Não é a primeira vez que os EUA se propõem a militarizar o espaço – o que era o centro da mirabolante “guerra nas estrelas” do governo Reagan, que acabou fracassando.
Desde 1967, está em vigor o Tratado do Espaço Exterior, que proíbe a colocação de armas de destruição em massa no espaço e define como para fins pacíficos o uso da Lua e outros corpos celestes. EUA, Rússia, China e mais 104 países são signatários. Pelo visto, é mais um tratado que Trump almeja rasgar.