
“Uso da força por Israel viola o direito internacional”, afirmou Moscou, e atenta contra o processo de paz. A atitude é ilegal, reforçou Pequim, e “viola a segurança e a integridade territorial do Irã”, prejudicando qualquer diálogo
A Rússia e a China foram os primeiros governos a repudiar os ataques ilegais e criminosos realizados por Israel a instalações nucleares, fábricas de mísseis balísticos e comandantes militares nesta madrugada, denunciando o regime do insano Netanyahu de atentar contra o processo de paz e prejudicar a imprescindível construção do diálogo. Os bombardeios teriam sido por 200 caças da força de extermínio e provocação militar naziisraelense.
“Condenamos veementemente o uso da força pelo Estado de Israel, em violação à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, culpando os governos do Ocidente de fomentarem uma “histeria” anti-iraniana.
“A comunidade internacional não pode se dar ao luxo de ficar indiferente a tais atrocidades, que destroem a paz e prejudicam a segurança regional e internacional”, reiterou o Kremlin, frisando que a diplomacia era a única resposta. Diante disso, propõe “às partes que exerçam moderação para evitar uma nova escalada de tensões e o mergulho da região em uma guerra em larga escala”.
O presidente Vladimir Putin está recebendo relatórios em tempo real sobre a situação do serviço de inteligência estrangeira da Rússia e dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, informou seu porta-voz.
Na última quarta (11), o governo russo declarou estar pronto para remover urânio altamente enriquecido do Irã e convertê-lo em combustível para reatores civis, como uma das formas de ajudar a reduzir as tensões. Até o momento, não há registros de que a usina nuclear de Bushehr, construída pela Rússia, tenha sido atingida.
Os dois países se aproximaram nos últimos anos e Putin e o presidente iraniano Masoud Pezeshkian aprofundaram os laços militares entre seus países em janeiro, quando assinaram um pacto de parceria estratégica de 20 anos, que ainda não inclui uma cláusula de defesa mútua.
O governo chinês foi categórico em rechaçar a postura do governo nazisraelense. Conforme Lin Jian, seu porta-voz do ministério das Relações Exteriores, “a China está extremamente preocupada com os ataques de Israel contra o Irã e profundamente preocupada com as graves consequências que essas ações relevantes podem trazer”. E reiterou: “somos contra a violação da soberania, segurança e integridade territorial do Irã”.
Conforme denunciou a imprensa internacional, inúmeros edifícios residenciais em Teerã, a capital iraniana, assim como vários pontos na cidade de Tabriz, no noroeste, e nas cidades de Khorramabad, Kermanshah, Boroujerd e Natanz, também foram alvos.
“A escalada abrupta da situação regional não é do interesse de nenhuma das partes. Apelamos a todos os envolvidos para que tomem medidas que sejam conducentes à paz e estabilidade na região e evitem uma nova escalada de tensões”, reiterou Lin, sublinhando que a China está pronta para “desempenhar um papel construtivo nos esforços de distensão”.
“INSTALAÇÕES NUCLEARES JAMAIS DEVEM SER ATACADAS”, ALERTA AIEA
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, lembrou que a agressão israelense “é profundamente preocupante”. “Tenho afirmado repetidamente que instalações nucleares jamais devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias, pois isso pode prejudicar tanto as pessoas quanto o meio ambiente”, assinalou.
Grossi enfatizou que há diversas resoluções afirmando que “qualquer ataque armado e ameaça contra instalações nucleares destinadas a fins pacíficos constitui uma violação dos princípios da Carta das Nações Unidas, do Direito Internacional e do Estatuto da Agência”.
CIENTISTAS E CHEFES MILITARES ASSASSINADOS POR ISRAEL
Com o ataque, o governo israelense assassinou vários militares, cientistas nucleares e civis iranianos, entre eles, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, major-general Mohammad Bagheri, o comandante do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica, major-general Hossein Salami, e o major-general Gholam Ali Rashid, comandante do quartel-general central das Forças Armadas Iranianas. Entre os cientistas nucleares assassinados estavam Mohammad-Mehdi Tehranchi, Fereydoon Abbasi, Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Seyyed Amirhossein Feqhi e Motalebizadeh.
A resposta do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã foi contundente: “não haverá limites para responder a esse crime”, já que Israel “cruzou todas as linhas vermelhas”, fazendo uma “declaração de guerra”.
Diante disso, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, em carta enviada à ONU solicitou ao Conselho de Segurança “que trate imediatamente dessa questão”.