
Cada lado recebeu mutuamente 270 militares e 120 civis. Troca prosseguirá nos próximos dias.
A maior troca de presos de guerra entre a Rússia e Kiev, como decidido em Istambul há uma semana, já começou e cada lado comemorou na sexta-feira (23) o retorno de 270 militares e 120 civis.
“Nossos meninos estão voltando para casa”, disse o Ministério da Defesa da Rússia em um vídeo que mostra os soldados libertados na primeira fase da troca. As imagens mostram os militares gritando “viva”, sendo fotografados com uma bandeira vermelha soviética da vitória e com a bandeira tricolor russa e depois embarcando no ônibus.
Também há imagens de civis retornando, que agradecem ao cinegrafista com lágrimas e sorrisos, registrou a RT. São moradores de Kursk, capturados durante o ataque ucraniano à região.
Pela Rússia, o anúncio da concretização da primeira fase da troca de prisioneiros foi feita pelo vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, que é um dos negociadores russos em Istambul. “Militares e civis russos estão no território da República da Bielorrússia, onde estão recebendo a assistência psicológica e médica necessária”, disse Fomin.
A troca de prisioneiros foi saudada ainda pelo presidente da Turquia, país que acolheu a reunião de negociação no dia 16. “Um passo importante para fortalecer a confiança entre as partes” e avançar em direção à paz, disse Recep Erdogan. Na negociação de Istambul, a proposta de troca de prisioneiros partiu da Rússia.
O próprio presidente Trump postou em sua rede Truth Social parabenizando o intercâmbio. “Uma grande troca de prisioneiros acaba de ser concluída entre a Rússia e a Ucrânia. Parabéns a ambos os lados por esta negociação”, escreveu Trump.
Pelas redes sociais, o líder do regime de Kiev, Volodymyr Zelensky, confirmou a troca. “A primeira fase do acordo de troca de 1.000 pessoas por outras 1.000 foi concluída”, anunciou nas redes sociais, acrescentando esperar que “a troca continue no sábado e no domingo”.
Assim que a troca de prisioneiros acordada entre a Rússia e a Ucrânia for finalizada, Moscou estará pronta para entregar a Kiev um documento preliminar para resolver o conflito, afirmou na sexta-feira (23) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
Ele revelou que a Rússia está “trabalhando ativamente na segunda parte dos acordos, que prevê a preparação, por cada lado, de um documento preliminar que estabeleça as condições para se chegar a um acordo sustentável, abrangente e de longo prazo”.
“Assim que a troca de prisioneiros do conflito for concluída, estaremos prontos para entregar ao lado ucraniano um esboço de tal documento, que o lado russo está finalizando atualmente”, disse ele.
As negociações Istambul 2.0 são as primeiras negociações diretas e sem pré-condições após o regime de Kiev rasgar acordo obtido ali mesmo em 2022 que poderia ter evitado três anos de combates. Cujo aspecto central era a restauração da neutralidade da Ucrânia e não adesão à Otan, além do status não-nuclear, mais a restauração dos direitos constitucionais dos russos étnicos no Donbass e Novarrussia. Kiev se retirou unilateralmente, após ordens de Washington e Londres.
Nas novas negociações em Istambul, a delegação russa continua sendo encabeçada pelo mesmo conselheiro do presidente Putin, Vladimir Medinsky. A delegação ucraniana foi liderada pelo seu ministro da Defesa, Rustem Umerov, que participou nas negociações de 2022 como parlamentar. As negociações se realizaram por proposta do presidente Putin, esvaziando o ultimato de Londres, Paris e Berlim de um “cessar-fogo de 30 dias incondicional”, visando rearmar o exausto exército ucraniano e, se desse, até mesmo introduzir tropas da Otan de “paz”, além de instar a Europa a se rearmar e se preparar para a guerra.