Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo enfatizou que Moscou exige “respeito ao direito internacional” e alertou os americanos que seu país está apto a atender um pedido de Caracas
“A Rússia demonstra solidariedade inabalável com a Venezuela e está preparada para responder de maneira adequada aos pedidos de Caracas, levando em conta tanto os desafios existentes quanto os potenciais. O mais importante agora é evitar qualquer escalada e promover soluções construtivas para os problemas existentes, com respeito ao direito internacional. No contexto da situação atual, mantemos contato contínuo e estreito com nossos amigos venezuelanos”.
Com estas palavras, de forma objetiva, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, esclareceu nesta sexta-feira (7) que o seu país está mobilizado para se contrapor a qualquer aventura de Donald Trump contra a soberania do povo venezuelano.
Acusado de “narcoterrorista” por Washington, o presidente Nicolás Maduro tem recebido uma série de ameaças no último período, incluindo sua própria eliminação física. Demonstrando até onde é capaz de ir, Trump mandou para o Caribe o maior porta-aviões do mundo, dezenas de navios e aeronaves de guerra, helicópteros de operações especiais e um submarino nuclear. Afrontando a legislação internacional e a própria ONU mandou explodir pequenas embarcações pesqueiras – venezuelanas e colombianas – acusadas de transportar drogas para abastecer os milhões de dependentes químicos estadunidenses.
Zakharova reiterou o compromisso com a paz e que ao explicitar que garantirá todas as condições para que o povo venezuelano se defenda busca evitar uma maior escalada de tensões na região do Caribe, pois isso não seria bom para ninguém.
Reforçando o direito da Venezuela a defender-se de ataques externos, Nicolás Maduro defendeu o apoio militar de Moscou, com ações como reparos em caças Sukhoi, de fabricação russa, atualizações em sistemas de radar e envio de sistemas de mísseis.
O arsenal venezuelano conta com inúmeros equipamentos russos em sua composição, sendo o sistema S-300 de defesa aérea, o ponto mais forte do seu poderio, mas que precisa ser modernizado em virtude das sanções econômicas impostas ao país.
Para Zakharova, qualquer operação militar dos EUA contra a Venezuela viola a legalidade e levará apenas ao agravamento dos problemas e não à sua resolução. “Existem diferentes táticas e diferentes formas de conduzir os assuntos, mas é evidente – como dizem vários analistas, especialistas e representantes de diversas estruturas americanas – que uma agressão direta desse tipo só piorará a situação, em vez de resolver os problemas que podem perfeitamente ser solucionados por meios jurídicos e diplomáticos, dentro do campo legal”, manifestou a porta-voz.
O governo russo enfatizou que está em permanente contato com o governo venezuelano e que acompanha de perto a investida militar de Trump no Caribe, com a escalada de provocações.
Sem qualquer base legal, Trump acusa o presidente Maduro de chefiar o Cartel de Los Soles, e dobrou a recompensa por sua captura para US$ 50 milhões. Admitindo ter dado sinal verde a operações secretas da CIA na Venezuela, o presidente americano sinalizou que operações terrestres contra o país detentor de uma das maiores riquezas petrolíferas do planeta teriam início em breve. Tudo, é claro, em nome da “luta contra as drogas”. Sem deixar margem a dúvidas, também anunciou na TV CBS acreditar que os dias de Maduro na presidência “estão contados”.
