Multidões em toda a Rússia prestaram homenagens às vítimas do incêndio no domingo (25) no shopping de Kemerovo, na Sibéria, que levou à morte de 64 pessoas, das quais, 41 eram crianças. As demonstrações de solidariedade e indignação se deram em todas as regiões do paí. Em Moscou, milhares se reuniram nas proximidades do Kremlin, na terça e quarta-feira, cantando “Kemerovo, estamos com você”, enquanto portavam velas acesas, flores e brinquedos.
Em Kemerovo, uma multidão ocupou a praça central na terça-feira (27), e aos gritos de “verdade” e “justiça” exigiram a renúncia das autoridades do município e punição aos administradores do shopping. “Nós não estamos desejando sangue aqui. As crianças já estão mortas, não podemos trazê-las de volta. Mas queremos de justiça”, disse Igor Vostrikov, um pai traumatizado pela perda de seus três filhos e a esposa.
O presidente, Vladimir Putin, decretou um dia de luto nacional na quarta durante sua visita na véspera à cidade siberiana, onde se encontrou com as vítimas, seus familiares e algumas autoridades. “Não tenham dúvidas, todos os culpados serão punidos”, afirmou Putin enquanto destacava 100 investigadores para trabalhar no caso.
Após comentar que o número de crianças entre as vítimas além de lamentável era muito triste, ele avaliou que o incidente não foi fruto de uma “guerra, ou de uma explosão em uma mina. Essas crianças vieram com seus pais para relaxar. Falamos sobre a demografia e estamos perdendo muitas pessoas com o quê? Por negligência criminosa, por negligência”. Sobre a possibilidade de corrupção, Putin afirmou que as “ações de todos os funcionários serão avaliadas legalmente”.
Até agora as investigações levaram à prisão de cinco suspeitos, todos administradores do shopping. Para a investigação, que permanece em estado preliminar, os principais indícios apontam, como disse Putin, para negligência. Conforme relato do chefe do Comitê de Investigação russo, Aleksandr Bastrykin, foi detectado problema no sistema automatizado de combate a incêndios. Outra questão estava ligada a impossibilidade de naquela estrutura, antigamente uma fábrica soviética, ser instalado um grande centro comercial, sem reformas para adequar a construção às novas funções.
Ainda sobre as manifestações, outro grande protesto foi realizada em São Petersburgo, na praça central de Dvortsovaya, onde milhares fizeram um minuto de silêncio em meio a diversas velas acesas. Nas demais cidades, as vigílias ocorreram nas praças e igrejas locais.
Muitos homenagens foram prestadas em outros países, vizinhos ou não, a exemplo da Ucrânia, Bielorússia, Israel, Estônia, República Tcheca, diversos países europeus e inclusive os EUA, com pessoas deixando flores e brinquedos em frente aos consulados russos instalados nesses países.