As autoridades russas anunciaram nesta quarta-feira (18) a captura do executor do atentado que assassinou o comandante das tropas russas de defesa anti-radiação e antiguerra química e biológica, general Igor Kirillov. É um uzbeque de 29 anos, identificado como Akhmad Kurbanov, sujeito à prisão perpétua.
Kirillov e seu assistente, Ilya Polikarpov, foram mortos na véspera, por volta de 6 h da manhã, na porta do prédio onde o general residia com a esposa. O terrorista de aluguel confessou o crime e revelou que foi recrutado pelos serviços secretos do regime de Kiev para executar o atentado em troca de US$ 100.000 e de um passaporte para ingresso na União Europeia.
Sob essas ordens, ele viajou para Moscou, onde recebeu um artefato explosivo improvisado e o colocou em uma patinete elétrica que estacionou perto da entrada do prédio em que Kirillov residia.
Para a vigilância do alvo, o suspeito alugou um carro e instalou uma câmera que transmitia a imagem em tempo real aos organizadores do ataque na cidade ucraniana de Dnieper. Na avaliação da comissão russa de investigação, o dispositivo explosivo tinha cerca de 1 kg de TNT.
Nos últimos dias, Kirillov tinha denunciado os esforços do regime Zelensky para fabricar uma bomba nuclear “suja” para uma provocação contra a Rússia e o uso, por Kiev, de armas químicas no Donbass, em mais de 400 eventos.
Anteriormente, o general havia denunciado a rede de 45 biolaboratórios do Pentágono em volta da Rússia, muitos deles na Ucrânia, e inclusive a participação do filho de Biden, Hunter, no financiamento dessa rede.
Os fatos trazidos à luz por Kirillov impediram que a rede de biolaboratórios do Pentágono na Ucrânia fosse varrida para debaixo do tapete, forçando a então subsecretária Victoria Nuland a admitir, no Congresso dos EUA, sua existência.
“Nós os pegamos lá [na Ucrânia], e o papel de Kirillov nisso é maior do que o de qualquer outro”, afirmou o presidente do Comitê de Defesa da Duma, Andrey Kartapolov, que chamou a punir os que organizaram o assassinato, “quem quer que sejam e onde quer que estejam”.
Foi ainda Kirillov quem desmascarou outras provocações da Otan, como a encenação pelos capacetes brancos em Duma, na Síria, de suposto ‘ataque químico’. E a ocorrida em Londres, envolvendo um ex-espião russo e sua filha, no caso do ‘envenenamento por novichok’, curiosamente a poucos quilômetros do maior centro de guerra química britânica.
Kirillov também foi um dos criadores da vacina Spunik V contra o coronavírus e foi quem organizou o socorro russo à Itália durante a pandemia, quando os serviços médicos italianos entraram em colapso em Bérgamo e não davam conta sequer de transportar os cadáveres dos mortos.
Ele encabeçou, ainda, o desenvolvimento do sistema de lança-chamas TOS-2 “Tosochka”, com projéteis termobáricos, que incineram o alvo.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, denunciou a cumplicidade de Washington e seus satélites no atentado. “O ataque terrorista em Moscou foi uma continuação e um maior desenvolvimento da espiral de aprovação ocidental dos crimes de guerra do regime de Kiev, que eles vêm endossando todos esses anos.”
Zakharova destacou, ainda, que Kirillov e seu assistente foram mortos em um ataque planejado em frente a um prédio residencial “num momento em que as pessoas iam trabalhar e as crianças iam à escola e ao jardim de infância”. “Onde está a reação do exterior? Onde estão os ‘civilizados’?”, questionou a diplomata.
Ela se referiu também ao endosso da mídia britânica, como o Financial Times e a BBC, ao atentado, assumindo a função de “serviço de imprensa da SBU” ao apresentar o russo como “um “alvo legítimo”. Tanto a mídia quanto a SBU têm os mesmos chefes, ela ironizou.
A questão do assassinato de Kirillov será levada à reunião do Conselho de Segurança da ONU do próximo dia 20, disse o vice-representante russo na organização, Dmitry Polyansky, solicitada anteriormente pela Rússia.
Zakharova também criticou duramente a cínica reação da secretaria geral da ONU ao atentado, com o porta-voz Stéphane Dujarric se dizendo ciente “de relatos de um incidente em Moscou no qual dois militares russos foram mortos hoje” e se limitando a um “apelo a todas as partes” para “exercerem contenção e se absterem de ações que possam levar a uma nova escalada de tensões”.
“Qualquer pessoa que acolha ataques terroristas ou permaneça em silêncio sobre eles é cúmplice. E o silêncio do Secretariado da ONU é um sinal claro de venalidade”, ela enfatizou.
A diplomata recordou os assassinatos – e tentativas fracassadas – de jornalistas e figuras públicas russas e a existência da lista de assassinatos de Kiev “Mirotvorets”, que também declarou o general Kirillov alvo de uma possível tentativa de assassinato.
“Já faz um ano que tocamos o alarme, mas os satélites da América estão em silêncio. E o site Mirotvorets é apoiado pelos Estados Unidos. Assim como os terroristas que operam no Norte do Cáucaso já estiveram localizados no Norte da Europa.”
Para o ex-presidente russo e atual vice do Conselho Nacional de Segurança, Dmitry Medvedev, o atentado é expressão da “agonia do regime de Bandera”.
“Com suas últimas forças, [Kiev] está tentando justificar sua existência inútil diante de seus mestres ocidentais, prolongar a guerra e a morte, justificar a situação catastrófica no front. Percebendo a inevitabilidade de sua derrota militar, está infligindo golpes covardes e vis em cidades pacíficas”. A retribuição aos mandantes do atentado será “inevitável”, concluiu.