Mísseis atingiram instalações militares, e de comando, e usinas elétricas. Putin destaca que medidas duras visam deter os ataques a infraestrutura da Rússia
Em resposta ao atentado contra a ponte da Crimeia no sábado – a maior da Europa -, a Rússia desencadeou na manhã de segunda-feira (10) um ataque maciço com mísseis de precisão de longo alcance contra instalações militares, de comando e de energia da Ucrânia, provocando destruição dos alvos e apagões em muitas cidades.
O anúncio foi feito pelo próprio presidente russo, Vladimir Putin, em reunião com seu Conselho de Segurança, em que ele salientou que a medida visa deter os ataques terroristas organizados pelos serviços especiais ucranianos, o mais recentes deles, contra a ponte da Crimeia.
“SERVIÇO SECRETO UCRANIANO ORDENOU, ORGANIZOU E EXECUTOU ATAQUE NA CRIMEIA”
“É óbvio que os serviços secretos ucranianos ordenaram, organizaram e executaram o ataque terrorista destinado a destruir a infraestrutura civil crítica da Rússia”, disse Putin sobre a explosão da ponte.
“Estes são os assassinatos de figuras públicas, jornalistas, cientistas, tanto na Ucrânia quanto na Rússia. São ataques terroristas nas cidades de Donbass, que já duram mais de oito anos. Estes são atos de terrorismo atômico, quero dizer, ataques com foguetes e artilharia na usina nuclear de Zaporozhia. Mas não apenas: os serviços especiais da Ucrânia também realizaram três atos terroristas contra a central nuclear de Kursk na Rússia”, afirmou Putin.
O presidente disse que “vários outros ataques terroristas e tentativas de crimes semelhantes foram cometidos” pelos serviços especiais ucranianos, “incluindo uma tentativa de minar uma das seções do sistema de transporte de gás Turkish Stream”. Tudo isso é comprovado por dados objetivos, incluindo o testemunho dos próprios detidos autores desses ataques terroristas, ele acrescentou.
“REGIME DE KIEV SE IGUALA A BANDOS TERRORISTAS INTERNACIONAIS”, ACRESCENTA PUTIN
Assim – sublinhou o líder russo -, “o regime de Kiev colocou-se realmente em pé de igualdade com as formações terroristas internacionais, com os grupos mais odiosos. É simplesmente impossível deixar crimes desse tipo sem resposta”.
Putin advertiu o regime de Kiev quanto a novos crimes antirrussos. “Se as tentativas de realizar ataques terroristas em nosso território continuarem, as respostas da Rússia serão duras e em escala corresponderão ao nível de ameaças representadas para a Federação Russa. Ninguém deve ter dúvidas sobre isso”, concluiu.
Além disso, o atentado contra a Ponte da Crimeia ocorreu duas semanas após atentados contra os sistemas de gasodutos russos Nord Stream 1 e 2, no Mar Báltico. E poucos dias após o jornal New York Times publicar artigo com fontes da CIA dizendo que “não tinham sido avisados” do atentado a bomba que matou a filha de um cientista político russo e que, se tivessem sido consultados pelos serviços secretos ucranianos a respeito, não concordariam.
No atentado de sábado, um caminhão bomba causou a destruição de dois trechos de vão na maior ponte da Europa e o incêndio de um trem carregado de combustível, e o estrago só não foi maior devido à pronta ação do sistema de proteção da ponte. Dois automóveis e sete vagões ficaram destruídos. Três civis morreram. O tráfego ferroviário já foi restaurado e na parte de rodovia o fluxo foi reaberto em uma faixa para carros. Caminhões estão tendo de atravessar de barcaça.
KIEV SEMEIA ATENTADOS E COLHE APAGÕES
Putin advertiu o regime de Kiev quanto a novos crimes antirrussos. “Se as tentativas de realizar ataques terroristas em nosso território continuarem, as respostas da Rússia serão severas e corresponderão em escala ao nível de ameaças representadas para a Federação Russa. Ninguém deve ter dúvidas sobre isso”, afirmou.
MÍSSIL RUSSO ATINGE RUA DO QG DO SERVIÇO SECRETO URANIANO
Na segunda-feira, segundo as agências internacionais, quatorze explosões foram ouvidas em Kiev e os sistemas de defesa antiaérea foram acionados. Um dos mísseis caiu na rua em que fica o QG dos serviços secretos ucranianos. Veículos de imprensa ucranianos relataram explosões também nas regiões de Khmelnytsky, Lvov, Dnipro, Vinnytsia, Frankiv, Zaporozhia, Sumy, Kharkiv, Zhytormyr e Kirovohrad.
Segundo as autoridades de Kiev, são 11 mortos e 64 feridos. Esses, em grande parte, porque destroços de tentativas ineptas da defesa antiaérea acabam desviados do alvo e matando e ferindo civis nas imediações. Assim, os relatos das agências sobre um “ataque russo” a um parque na verdade o que estão registrando é que a defesa antiaérea ‘protegeu’ um centro de instrutores da União Europeia nas redondezas à custa de seus civis.
Partes de cidades como Lvov, Kharkiv e Odessa ficaram sem energia e sem água após os ataques. O precedente sobre ataques à grade de energia de um país foi criado pela OTAN nos assaltos de 1999 à Iugoslávia e nos de 2003 ao Iraque, quando, ao final do primeiro mês, pouco sobrara da grade elétrica e das estações de tratamento de água. Na invasão do Iraque, com cobertura da CNN para o mundo todo, os EUA se lambuzaram com seu ‘Shock’n Awe’ [Choque e Espanto]. Agora, a OTAN se diz “escandalizada”.
A Rússia havia advertido seguidamente o regime de Kiev a não ultrapassar suas “linhas vermelhas”, a primeira delas, a ponte da Crimeia. Mas, açulados pelos seus mestres marioneteiros, os serviços secretos ucranianos insistiram nas provocações e, antes da ponte, já haviam tentado a sorte no gasoduto Turkish Stream, o que acabou fracassando.
“NOSSA INFRAESTRUTURA CRÍTICA”, DIZ VON DER LEYEN
Madame Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e alemã, conseguiu se superar, chamando a proteger “nossa infraestrutura crítica” – enquanto as digitais de Washington estão no atentado contra o Nord Stream. “O Kremlin escalou de novo sua agressão a um novo patamar”, encenou. O G7 – aquele clube privê onde só entra colonialista e imperialista de raiz – convocou uma reunião emergencial para discutir a situação.
Segundo o Rybar Telegram, foram atingidas no ataque usinas termelétricas de Kiev (três), Lvov, Burshtyn e Kryvyi Ri. Subestações elétricas foram desativadas no oeste do país – em Rivne, Khmelnitsky, Ternopil; no centro – Zhytomyr; bem como outra no nordeste da Ucrânia, em Konotop, região de Sumy.
Segundo Kiev, sua defesa antiaérea teria derrubado 41 de 75 mísseis russos – o Ministério da Defesa russo fala em mais de 100 disparados, desde terra, mar e ar. Armas de precisão: Kalibr, Kh555, Kh101 e Tornado.
O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, declarou o desmantelamento de 11 importantes instalações de infraestrutura em oito regiões do país. Em Kiev, foi anunciado que o ataque russo “força a Ucrânia a parar de exportar energia elétrica para estabilizar seu próprio sistema de energia a partir de 11 de outubro de 2022.”
Mais cedo, o serviço de emergência ucraniano disse que cinco áreas do país permaneceram completamente sem eletricidade e as restantes parcialmente, após os ataques russos. O governo Zelensky pediu aos cidadãos a redução do consumo de energia à noite o máximo possível.
FALA O EMBAIXADOR NEBENZIA
Em discurso no Conselho de Segurança da ONU, o embaixador russo Vasily Nebenzia informou sobre os resultados dos referendos sobre a adesão à Rússia realizados nas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, bem como nas regiões de Kherson e Zaporozhia, e assinalou que o conflito na Ucrânia “não começou em fevereiro” deste ano, começou em 2014, com o golpe da CIA em que os neonazis funcionaram como tropa de choque, derrubando o governo legítimo, para instaurar um regime que tinha como objetivo declarado “descomunizar” e “desrussificar” a Ucrânia.
E que, quando as regiões do leste e do sul do país, historicamente terras russas, se levantaram contra o golpe, o novo regime lançou o país na guerra civil com uma suposta “Operação Antiterrorista”.
Ao longo desses oito anos – acrescentou -, os bombardeios contra o Donbass estavam “matando cerca de dez pessoas por semana, incluindo crianças” e agora os habitantes poderão ter “paz”. Quanto aos moradores das regiões de Kherson e Zaporozhia, afirmou o embaixador, eles finalmente poderão ter certeza que ninguém vai privá-los de seu direito de falar russo e de ter seus filhos educados na língua russa.
“Eles saberão com certeza que no Dia da Vitória, que é um feriado sagrado para todos nós, eles poderão homenagear aqueles que lutaram contra os nazistas para libertar suas terras e não aqueles que colaboraram com eles e cometeram crimes hediondos”.
Nebenzia denunciou que a União Europeia e os EUA não moveram um dedo para fazer as autoridades de Kiev observarem os Acordos de Minsk, que garantiam a segurança do povo das repúblicas do Donbass, e seu futuro digno na Ucrânia. “Previam um cessar-fogo, um diálogo direto de Kiev com o Donbass, concedendo um estatuto especial através da adoção de uma nova constituição”, ele salientou.
A RECOMENDAÇÃO DE ZELENSKY AOS ‘SUB-HUMANOS’
“As autoridades ucranianas proclamaram abertamente que os residentes de língua russa desses territórios são ‘sub-humanos’. Em uma entrevista em agosto de 2021, Vladimir Zelensky aconselhou todos aqueles que se consideram russos e amam a língua russa a ‘deixarem a Ucrânia pela Rússia’ em benefício de seus filhos. Agora, as pessoas que vivem nas regiões de Donbass, Kherson e Zaporozhia estão seguindo sua recomendação cínica. Eles estão voltando para casa, e com eles estão levando as terras onde seus ancestrais viveram por séculos”, sublinhou Nebenzia.
O embaixador russo acusou os patrocinadores ocidentais de Kiev de desconsiderarem completamente os desejos e interesses da Ucrânia, cujo povo, assim como o povo da Rússia, quer a paz. “Caso contrário, eles não teriam posto em xeque Kiev em março deste ano, quando um acordo de paz já era visível. Em vez disso, ocorreu uma terrível provocação em Bucha e seguiu-se uma instrução para lutar até o último ucraniano sob a vigilância de mercenários e instrutores da Otan”.