
O ministério da Defesa russo anunciou que, em resposta a “ataques terroristas” perpetrados pelo regime ucraniano, lançou um ataque massivo contra instalações militares e de produção de armas em Kiev
Zelensky, presidente ucraniano com mandato vencido, admitiu que o ataque na noite de 3 para 4 de julho, foi “um dos maiores ataques” russos desde 2022, quando teve início a operação militar especial pela desnazificação da Ucrânia pela Rússia.
Com uso de mísseis hipersônicos Kinzhal, armas terrestres de precisão e drones, segundo Moscou, o ataque também atingiu uma refinaria e um campo de aviação militar; todos os alvos designados foram atingidos. Também estiveram sob ataque quartéis, centros de logística, paióis e fábricas de armas por toda a Ucrânia. As redes sociais mostraram uma instalação em chamas em Kiev.
Esta semana, a Rússia anunciou a libertação total da República Popular de Lugansk. Também se tornou público que um alto comandante russo foi morto em um posto de comando em Kursk. O ex-prefeito de Lugansk foi morto na quinta-feira em um atentado.
E, anteriormente, no mês passado o regime de Kiev realizou provocações contra bases da força de dissuasão nuclear da Rússia usando drones previamente posicionados, além de ter explodido um trem de passageiros e outro de carga.
Segundo o prefeito Vitali Klitschko, houve 23 feridos no que chamou de “maior ataque russo” a Kiev – o que por si só confirma que os alvos eram militares; é só comparar com a quantidade de mortos e feridos em Gaza, em qualquer dia. Como causa, antimísseis defeituosos que não barram os mísseis a caminho de alvos militares e acabam atingindo casas nas proximidades.
Seis dos dez distritos de Kiev foram atacados e famílias tiveram de se amontoar em estações de metrô subterrâneas para se abrigarem.
Na mesma madrugada, o Ministério da Defesa russo registrou ataques ucranianos com drones a três regiões russas, no total de 48, com pelo menos um morto sob os escombros de uma casa.
TELEFONEMA TRUMP-PUTIN
O ataque ocorreu poucas horas após o telefonema do presidente norte-americano Donald Trump ao seu congênere russo, Vladimir Putin, que teve uma hora de duração.
Segundo informou o assessor de Putin, Yuri Ushakov, uma discussão “muito franca e profissional”, em que o líder russo disse ao chefe da Casa Branca que a Rússia continua buscando uma solução negociada na Ucrânia, mas “não abre mão de eliminar todas as causas profundas” do atual confronto.
As principais são a expansão da Otan até às fronteiras russas e o fim da segurança coletiva estabelecida sob a Ata de Helsinki; a perseguição aos russos étnicos depois do golpe da CIA em Kiev em 2014; a transformação do que era a Ucrânia fraterna em uma casamata cheia de neonazistas; os oito anos de terror contra a população do Donbass, a língua russa, a igreja ortodoxa e os símbolos históricos soviéticos e russos.
Tudo isso sob o pano de fundo dos seguidos enganos nas negociações, primeiro garantindo ao então presidente Yanukovich um acordo de pacificação, só para facilitar o golpe; depois, com os Acordos de Minsk sendo assinados unicamente para ganhar tempo para armar a Ucrânia e incorporá-la de fato à Otan, como admitiram publicamente os ex-chefes de governo francês e alemão, os garantidores.
Conforme o relato de Ushakov, eles também discutiram o Oriente Médio, especialmente o Irã. Putin parabenizou Trump pelo 4 de julho e lembrou a contribuição russa no processo de independência norte-americana.
À mídia, Trump disse depois que a ligação não alcançou “nenhum progresso” e que ficou decepcionado, em contraste com comentários feitos após as últimas cinco ligações telefônicas entre os dois, em que manifestara otimismo.
Na véspera do telefonema, o Pentágono havia anunciado a suspensão da entrega de antimísseis a Kiev, sob a explicação de que era preciso “estabilizar o estoque”.
Analistas já vinham apontando que, para proteger Netanyahu do revide iraniano, os EUA haviam torrado até 20% dos mísseis do sistema THAAD de que dispõem, um sistema não apenas muito caro, como de baixa produção, em torno de 50 por ano, segundo especialistas.
Até mesmo os antimísseis usados nos Patriot entraram na lista de espera, mas no telefonema desta sexta-feira entre Trump e Zelensky houve uma promessa de reforçar a defesa antiaérea ucraniana.
DIPLOMACIA
Em paralelo, pequenos avanços entre Rússia e Ucrânia. Nesta sexta-feira completou-se mais uma troca de prisioneiros, a terceira desde a última rodada de negociações em Istambul.
Também foi concluída a entrega de 6.060 corpos de soldados ucranianos, em caminhões frigoríficos, a Kiev, com Moscou recebendo 78 dos seus. Houve ainda trocas de prisioneiros e de jovens e doentes.