O presidente Vladimir Putin suspendeu oficialmente, na segunda-feira (4), a participação da Rússia no tratado de desarmamento nuclear INF assinado com os Estados Unidos, após o governo norte-americano deixar o acordo no início de fevereiro.
“O compromisso da Rússia com o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário [INF, na sigla em inglês] está, de agora em diante, suspenso até que os Estados Unidos se manifestem sobre a violação das obrigações sob o tratado ou até o tratado ser revogado”, diz o decreto assinado pelo presidente russo, frisando “a necessidade de tomar medidas urgentes seguindo a violação das obrigações dos Estados Unidos sob o tratado, assinado pela União Soviética e pelos Estados Unidos em 8 de dezembro de 1987”. Segundo Moscou, o decreto entrou em vigor imediatamente após a assinatura.
Donald Trump, e o secretário de Estado dos EUA, Michael Pompeo, anunciaram, no dia 1º de fevereiro, a suspensão das obrigações de Washington sob o tratado INF a partir do dia seguinte. O pretexto para Washington ameaçar retirar-se definitivamente do acordo em seis meses foi a exigência de que a Rússia cumpra o acordo de forma “real e verificável”.
O tratado INF se aplica a mísseis baseados em terra de médio alcance (mil a 5 mil quilômetros) e de curto alcance (500 a 1 mil quilômetros). Os Estados Unidos acusaram a Rússia de, durante as últimas três décadas, violar o acordo várias vezes, afirmação que o Kremlin desmentiu.
Em 2 de fevereiro, o presidente Putin informou que o governo da Rússia também suspendia a participação no acordo. Ele deu instruções para interromper conversas iniciais com Washington sobre o assunto e frisou que os Estados Unidos precisariam mostrar disposição para um diálogo de igual para igual. Não houve disposição dos EUA para tal.
Em 20 de fevereiro, Putin assinalou em discurso ao parlamento que o país “terá de desenvolver e instalar armas que podem ser usadas não apenas contra áreas das quais uma ameaça direta virá, mas também contra territórios onde estão localizados centros de decisão”. Ele também destacou que os Estados Unidos têm insistentemente ignorado o tratado INF ao instalar lançadores de mísseis na Romênia e na Polônia.
A Rússia alega que os Estados Unidos trabalham “ativamente” na fabricação de novos mísseis e critica a nova postura nuclear americana, que inclui o desenvolvimento de um míssil nuclear denominado de “baixa potência”.