Teste do novo ICBM russo, que é capaz de superar qualquer defesa antimíssil e não tem análogo, foi bem-sucedido
A Rússia realizou o primeiro lançamento do mais novo míssil balístico intercontinental RS-28 “Sarmat”, que irá substituir o “Voevoda” soviético, apelidado pela Otan de “Satã”.
Lançado desde o cosmódromo de Plesetsk na região de Arkhangelsk até o alvo na península de Kamchatka no extremo oriente, o Sarmat teve suas características projetadas confirmadas “em todas as etapas de voo”, anunciou o Ministério da Defesa russo.
O novo ICBM tem um antigo nome russo, que lhe foi dado em homenagem às tribos nômades dos sármatas, que nos séculos VI-IV aC habitavam o território da Rússia moderna.
Comentando o teste do Sarmat, o presidente russo Vladimir Putin enfatizou que o novo ICBM “é capaz de superar todos os meios modernos de defesa antimísseis” e não tem análogo. “Esta arma dará o que pensar àqueles que, no calor da retórica agressiva, tentam ameaçar nosso país”.
O novo míssil tem 35,5 metros de comprimento e 3 metros de diâmetro, sendo a massa total de 208 toneladas e carga útil de 10 toneladas. Poderá transportar pelo menos 10 ogivas, cada uma de pelo menos 800 quilotons (50 vezes a potência da bomba lançada em Hiroxima).
Está equipado também com o planador manobrável hipersônico Avangard. O novo míssil é capaz de atacar alvos passando tanto pelo Pólo Norte quanto pelo Pólo Sul.
Uma característica importante é que, graças ao novo motor RS-28, o Sarmat terá um tempo curto de ascensão, que é a etapa visada por sistemas antimísseis, que atacam o alvo durante a aceleração, quando este está mais visível e vulnerável.
Sobre isso, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que o que está sendo implantado hoje na Polônia, na Romênia e no Alasca e que se espera seja criado na Coréia do Sul e no Japão, esse guarda-chuva de defesa antimíssil “está cheio de buracos. Eu sei por que eles precisam comprar esse ‘guarda-chuva’ por tanto dinheiro agora”.
Os silos que abrigarão o sistema Sarmat estão protegidos de um ataque direto por um complexo de lançamento de projéteis Mozyr, que é uma espécie de ‘pacote’ de 100 barris de artilharia, criando uma ‘nuvem’ de bolas e flechas de 30 mm, com uma altura de lançamento de até 6 km.
. Após a conclusão de todo o programa de testes, o sistema de mísseis Sarmat entrará em serviço com as Forças de Mísseis Estratégicos. Em até cinco anos, todos os Voevoda – sistema que completou meio século a serviço da soberania russa – deverão estar substituídos pelo novo Sarmat.
Respondendo a pergunta do jornal russo Komsomolskaya Pravda, sobre se o Sarmat se destina ao chamado ‘primeiro ataque’ contra o inimigo, o especialista militar Viktor Baranets, membro do Conselho Público do Ministério da Defesa da Federação Russa, afirmou categoricamente que “não”. “Não seremos os primeiros a lançar um ataque nuclear”.
Ele enfatizou que o sistema de mísseis “Sarmat” destina-se principalmente “a um ataque de retaliação”, acrescentando que “teremos tempo para fazer isso até que mísseis inimigos voem em nossa direção”, graças às estações de radar da classe Voronezh do sistema de alerta de ataque de mísseis colocadas em serviço de combate ao longo das fronteiras do país.
“Um adversário provável ou potencial sabe disso e, portanto, o Sarmat, como outros sistemas de mísseis, será uma garantia de nossa segurança”, concluiu.