O chefe da privatização do patrimônio soviético sob o bebum Yeltsin, Anatoly Chubais, deixou a Rússia precipitadamente com a mulher e já foi visto em Ancara, na Turquia, na sexta-feira (25), deixando para trás uma mansão, uma cobertura e o cargo amplamente simbólico, no governo russo, de ‘encarregado do desenvolvimento sustentável’.
A mídia torcida organizada da Otan registrou a fuga, considerando um ato de ‘repúdio à invasão da Ucrânia’. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não soube dizer se ele havia sequer apresentado um pedido formal de renúncia ao cargo.
Talvez não haja uma figura que melhor represente o período áureo da pilhagem do patrimônio público construído por gerações de soviéticos pelos oligarcas e pelos monopólios estrangeiros, sob intervenção direta do governo Clinton e choque neoliberal, em lances de faroeste e máfia explícita, do que Chubais.
Odiado pela imensa maioria do povo russo, ele foi mantido num canto pelo governo Putin, após ter botado ordem na casa, enquadrado os oligarcas e encetado a reconstrução do país, dentro daquela máxima de que certos inimigos, é melhor tê-los ‘por perto’, bem à vista.
Pelo visto, Chubais achou que a proximidade estava ficando perigosa, para alguém com sua folha corrida e vínculos.
No recente discurso em que analisou a decisão de desencadear uma operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a ex-república soviética, impedir uma limpeza étnica contra o Donbass e abortar a anexação da Ucrânia pela Otan, Putin também abordou a questão da 5ª coluna.
“Sim, claro, eles vão tentar apostar na chamada 5ª coluna, nos traidores nacionais, naqueles que ganham dinheiro aqui, conosco, mas moram lá, e ‘vivem’ não no sentido geográfico da palavra, mas à sua maneira, pensamentos, em sua consciência servil”, assinalou o presidente russo.
“Tal como nos anos 90 – início dos anos 2000, eles agora, mais uma vez, querem repetir a sua tentativa de nos pressionar, para nos tornarmos um país fraco, dependente, para violar a integridade territorial, desmembrar a Rússia da melhor maneira possível para eles. “Não deu certo naquela época, e não vai dar certo agora”, enfatizou Putin.
“Não estou julgando de forma alguma aqueles que têm uma vila em Miami ou na Riviera Francesa, que não podem prescindir de foie gras, ostras ou das chamadas liberdades de gênero. O problema não está absolutamente nisso, mas, repito, no fato de que muitas dessas pessoas, por sua própria natureza, estão mentalmente localizadas precisamente lá, e não aqui, não com nosso povo, não com a Rússia”, destacou o presidente russo.
“Isto é o que eles pensam – na opinião deles! – um sinal de pertencer a uma casta superior, a uma raça superior”, apontou.
“Essas pessoas estão prontas para vender sua própria mãe, se ao menos lhes fosse permitido sentar no corredor desta casta mais alta. Eles querem ser como ela, imitando-a de todas as maneiras possíveis”, afirmou Putin.
Mas – acrescentou – esquecem ou sequer entendem que “se são necessários para esta assim chamada casta superior, se colocam como material disponível para serem usados para infligir o máximo dano ao nosso povo”.
“O Ocidente coletivo está tentando dividir nossa sociedade, especulando sobre as perdas em combate, sobre as consequências socioeconômicas das sanções, para provocar um confronto civil na Rússia e, usando sua ‘quinta coluna’, busca atingir seu objetivo. E há apenas um objetivo, a destruição da Rússia”, afirmou o presidente russo.
“Mas qualquer povo, e ainda mais o povo russo, sempre será capaz de distinguir verdadeiros patriotas de escória e traidores e simplesmente cuspi-los como um mosquito que acidentalmente voou em suas bocas”, destacou Putin.
Para ele, “uma autopurificação tão natural e necessária da sociedade só fortalecerá nosso país, nossa solidariedade, coesão e prontidão para responder a quaisquer desafios”.
“O chamado Ocidente coletivo e sua ‘quinta coluna’ estão acostumados a medir tudo e todos por si mesmos. Eles acreditam que tudo está à venda e tudo é comprado e, portanto, pensam que vamos quebrar, recuar. Mas eles não conhecem bem nossa história e nosso povo”, reiterou Putin.
Após registrar que “muitos países do mundo há muito se resignaram a viver de bruços e aceitar obsequiosamente todas as decisões de seu soberano”, infelizmente, “também na Europa”, Putin concluiu dizendo que a Rússia “nunca estará em um estado tão miserável e humilhado, e a luta que estamos travando é uma luta por nossa soberania, pelo futuro de nosso país e de nossos filhos. Lutaremos pelo direito de ser e permanecer na Rússia”.