Depois o candidato apoiado por Bolsonaro não sabe porque sua campanha derrete
O candidato de Bolsonaro a prefeito de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), disse na manhã desta terça-feira (03) que uma vacina contra o novo coronavírus deveria ser testada em quem já está doente, além de ser testado em crianças e idosos. A afirmação foi dada durante o evento na Associação Paulista de Imprensa.
Ninguém acreditava no que estava ouvindo. É um grau de desconhecimento tão colossal que um candidato a prefeito não poderia estar falando uma coisa dessas. “A vacina está sendo testada em adultos sãos, nenhum com Covid”, criticou ele.
“Não está sendo testada em crianças, não está sendo testada nos idosos e não está sendo testada nos doentes. São as etapas por onde uma vacina deve passar. Isso não está acontecendo”, acrescentou.
Ainda bem que não está acontecendo o que Russomanno prega.
O entendimento de Russomanno sobre o que é uma vacina, uma substância criada para prevenir, e não para ser um medicamento usado na doença já estabelecida, revela um tal despreparo do candidato, que algumas pessoas já começam a achar que a burrice do cidadão passou a rivalizar com o incômodo apoio de Bolsonaro, como fatores responsáveis pela campanha de Russomanno estar derretendo.
“Os efeitos colaterais imediatos a gente pode prever, mas os de longo prazo, não. Toda vacina tem que passar por esse processo. Eu quero muito, todos aqui querem uma vacina. Mas se ela é tão boa assim, mas se essa vacina é tão boa assim, vai lá, começa na China, aplicando nas pessoas”, prosseguiu o néscio.
A China, que é um país com uma população muito maior do que a do Brasil, conseguiu vencer a pandemia tendo sofrido apenas cerca de 4 mil mortes. Eles já recuperaram sua economia e também estão na frente, junto com a Universidade inglesa de Oxford, no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19.
O médico infectologista Jamal Suleiman, do Hospital Emílio Ribas, criticou severamente a fala de Russomanno sobre a vacina. “Isso mostra o absoluto desconhecimento de como funciona um ensaio clínico”, afirmou o especialista.
De acordo com o médico, os testes são sempre iniciados em adultos não idosos antes de passarem a incluir crianças e pessoas de idade. “Idosos vão perdendo a sua capacidade de resposta imunológica, um fenômeno conhecido há pelo menos um século”, explicou Suleiman, sobre o motivo de testes em pessoas de idade ficarem para um segundo momento.
Em seu discurso, Russomanno disse ser contra fazer com que a população de São Paulo “seja cobaia”, linha adotada por apoiadores de Jair Bolsonaro, cabo eleitoral do candidato dos Republicanos. “Eu não sou negacionista não, pelo contrário. Quero a vacina o mais rápido possível, agora não quero que a população de São Paulo seja cobaia de nada”, afirmou.
Chamou a atenção o fato de que Russomanno não tenha dito nada sobre a população brasileira ser cobaia da cloroquina, depois que Bolsonaro demitiu dois ministros da Saúde para impor o uso da medicação que não tem efeito na doença.
A vacina contra a Covid-19 é considerada pelos especialistas como a única forma da Humanidade conseguir vencer definitivamente a pandemia no novo coronavírus, doença que, apesar de Bolsonaro desdenhar, já matou mais de um milhão de pessoas no mundo, e mais de 160 mil no Brasil.
Ela está sendo pesquisada no mundo todo e o Instituto Butantan está muito próximo de concluir, em parceria com a empresa chinesa Sinovac, os testes no Brasil, da vacina que poderá salvar a vida de muitos brasileiros já no inicio do ano que vem. É contra essa vacina que Russomanno se insurge, assim como seu cabo eleitoral, Jair Bolsonaro.