Mais de 30 mil pessoas se manifestaram no sábado, 22, em Moscou, contra o plano do governo de aumentar a idade mínima de aposentadoria, que vem provocando sucessivos e grandes protestos nas maiores cidades da Rússia.
Mostrando faixas e cartazes com fotografias dos parlamentares e membros do partido no poder, Rússia Unida, entre os quais se destacava o primeiro ministro Dmitri Medvedev, autor do projeto que corre na Assembleia Federal, os manifestantes bradavam consignas como “Inimigo do povo” ou “Vergonha”.
A reforma proposta pelo governo estabelece um período que vai desde 2019 até 2034 para elevar a idade de aposentadoria das mulheres dos 55 anos atuais aos 63, depois amenizada pelo presidente Vladimir Putin para 60 anos, fruto das mobilizações. Quanto aos homens, que agora se retiram aos 60 anos, o período de transição culminaria em 2028, e a partir de então se aposentarão aos 65 anos.
Caso a medida fosse aprovada, denunciam os opositores da medida encabeçados pelo Partido Comunista da Federação Russa, PDFR, em regiões como a Sibéria – em que a expectativa de vida é de 55 anos – ou Tira, onde é de 64,4 anos – homens e mulheres morreriam sem sequer poder usufruir do direito. Em média, os homens russos vivem dez anos a menos do que as mulheres, 66,5 anos, enquanto as russas geralmente vivem em torno de 77 anos.
Genadi Ziuganov, líder do PCFR, afirmou que o plano de Medvedev, é uma “insanidade” e exigiu que, se for levado adiante, tenha que ser submetido a referendo. Os organizadores do protesto chamaram a continuar com as manifestações, com o objetivo de aumentar a pressão sobre o governo. Para a segunda-feira, 24, se convocaram novos protestos, em várias localidades russas, contra a medida, que é rechaçada pela imensa maioria dos russos.
A atual idade mínima de aposentadoria foi instituída nos anos 1930, pela União Soviética. O recuo de Putin que reduziu em 3 anos o golpe foi qualificado de “retoque cosmético” pela oposição.