70 ucranianos foram mortos e alguns fugiram; quatro veículos de combate de infantaria e cinco picapes foram eliminados. Ministério da Defesa da Rússia denuncia presença de veículos militares de fabricação norte-americana na agressão
Foi repelida incursão de um grupo de sabotadores ucranianos na região de fronteira de Belgorod, informou o Ministério da Defesa da Rússia, ao tempo que confirmou que em 22 de maio os invasores apoiaram ataques noturnos a prédios da região, disparando a partir de drones.
Os ataques contra residências e edifícios administrativos em Grayvoron, capital do distrito, e na localidade de Borissovka não provocaram vítimas fatais, afirmou o governador de Belgorod, Viatcheslav Gladkov, em uma mensagem na terça-feira (23).
Segundo a mesma fonte, uma coluna com até dez blindados e veículos ucranianos penetrou na manhã de segunda-feira em território russo através de uma passagem fronteiriça destruída pela artilharia ucraniana, na localidade de Kozinka.
Só no período da tarde, depois de terem evacuado a zona, é que os guardas fronteiriços e as unidades do Serviço Federal de Segurança e da Guarda Nacional russos começaram a fazer recuar o inimigo.
Nesta quarta-feira, o governador acrescentou que os arredores da vila de Terezovk, também na região de Belgorod, “foram bombardeados pelas Forças Armadas da Ucrânia”, fazendo pelo menos um ferido.
Gladkov informou que as forças russas realizaram uma operação na área de fronteira de Belgorod, onde os responsáveis pelos ataques foram empurrados de volta à Ucrânia e que mais de 70 soldados adversários, quatro veículos de combate de infantaria e cinco picapes foram eliminados e o resto fugiu de volta à Ucrânia.
WASHINGTON NEGA ENVOLVIMENTO NA INVASÃO
Depois dos primeiros ataques à região transfronteiriça, o Kremlin divulgou imagens de veículos militares ocidentais abandonados ou danificados, incluindo veículos Humvee fabricados nos Estados Unidos, confirmando o envolvimento de Washington no ataque.
Fazendo-se de desentendido, um porta-voz do Departamento de Estado reconheceu que há relatos “que circulam nas redes sociais e noutros lugares” de que armas fornecidas pelos EUA foram usadas, mas assume estar “cético neste momento quanto à veracidade desses relatos”.
Numa conferência de imprensa, na terça-feira (23), Matthew Miller acrescentou: “cabe à Ucrânia decidir como conduzir esta guerra”.
DESLIZE FREUDIANO
O chefe de política externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, em uma coletiva de imprensa após a reunião dos ministros da Defesa da União Europeia sobre o fornecimento de armas à Ucrânia, não conseguiu responder a uma pergunta sobre os eventos na região russa de Belgorod, que ele chamou repetidamente de “Belgrado” ao confundi-la com a capital da Sérvia, região já bombardeada pela mesma Otan.
“Para ele tanto faz a região de Belgorod como Belgrado – tudo se misturou. Talvez seja um deslize freudiano, porque da mesma forma que eles trataram Belgrado, eles também tratam qualquer coisa que saia de seu sistema [ocidental] de vassalagem”, afirmou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, à Rádio Sputnik na quarta-feira (24).
De fato, em março de 1999, sem aprovação do Conselho da Segurança da ONU, as forças da Otan lançaram uma intervenção militar contra a Iugoslávia que durou 78 dias. Até agora não há dados oficiais finais sobre números exatos de vítimas entre a população civil. No entanto, o governo da Sérvia afirma que foram ao menos 2.500 civis mortos e 6.000 feridos.
“Não é uma questão de sua posição política. É uma questão de que mentiram tanto que eles se contradizem, que essa mentira se torna óbvia, que eles são motivo de piada total com essas declarações totalmente falsas que por vezes já saem dos limites da sanidade mental”, acrescentou Zakharova.