A Odebrecht assinou no final da semana passada um acordo de exclusividade com o monopólio holandês LyondellBasell para venda de 50,1% das ações da empresa petroquímica Braskem. As negociações para a desnacionalização da maior empresa petroquímica da América Latina avançaram três semanas após a Odebrecht, envolvida no esquema de propina descoberto pela Lava-Jato, ter oferecido aos bancos as suas ações na Braskem como garantia de empréstimos no valor de R$ 12 bilhões.
A Petrobrás é hoje sócia da Odebrecht na Braskem, detendo 47% das ações com direito a voto. Com o sucateamento do setor petroquímico estatal nos anos de FHC, a solução encontrada pelo PT para ajudar a Odebrecht foi associar o patrimônio público ao cartel, submetendo a estatal a um verdadeiro assalto aos seu cofres, patrocinado pela construtora. Depois se viu que a “ajuda” do governo petista à Odebrecht não era por acaso. A empreiteira conseguia golpear a Petrobrás, rebaixando o preço da nafta e superfaturando obras em troco de propina que abastecia os governos do PT e de seus aliados, o PMDB e o PP.
A operação Lava Jato desmascarou o esquema comandado pelo então diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Através de contratos para o fornecimento de nafta sufaturada à Braskem, houve um prejuízo de R$ 6 bilhões para a Petrobrás. Datado de 2009, o contrato previa o fornecimento da matéria-prima necessária para a produção de gasolina e insumos plásticos a um preço equivalente a 92,5% do valor de referência internacional.
Na época a Petrobrás – já sabotada em sua capacidade de operação no setor de refino – não conseguiu produzir as 7 milhões de toneladas de nafta previstas no contrato e foi obrigada a importar o derivado a preços de 100% ou mais em relação à referência internacional para continuar subsidiando a nafta à Braskem da Odebrecht.
Paulo Roberto Costa confessou ter recebido R$ 5 milhões para a manutenção do fornecimento de nafta a preços que deram prejuízo a Petrobrás.
A intenção da atual direção da Petrobrás, conforme anunciado publicamente mais de uma vez, é de também vender sua parte na Braskem como parte da política de desinvestimento na companhia, iniciado durante o governo Dilma e acelerado na gestão Temer/Pedro Parente.
Na mão dos holandeses, a Braskem – que hoje é sexta maior petroquímica do mundo e líder em diversos segmentos – se tornará parte de um oligopólio multinacional, presente em mais de 100 países. A Odebrecht vê a venda das suas ações à LyondellBasel como uma oportunidade de se manter no setor, trocando sua participação na Braskem por ações na Lyondell para se beneficiar dos dividendos e quem sabe se refazer no ramo da construção.