
Após mais uma alta na taxa de juros definida pelo Banco Central nesta quarta-feira (19), a reação do movimento sindical foi imediata. “Sai presidente do BC, entra outro presidente, e os juros continuam galopantes”, afirmou o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, logo depois da divulgação do aumento de 1% na taxa Selic, no início da noite.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, afirmou que “a política de juros altos trava o desenvolvimento do país, inibe o consumo e penaliza milhões de trabalhadores, trabalhadoras e suas famílias, e segue, na contramão, com a maior taxa de juros do mundo”, enquanto “o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, mantém os juros estáveis entre 4,25% e 4,5%”.
Para a CUT, os juros altos “desestimulam o investimento produtivo e canalizam os capitais nacionais e estrangeiros para a especulação financeira, impactando negativamente a geração de emprego, trabalho decente, renda e poder de compra, em especial de alimentos”.
“Mais uma vez o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central frustra os trabalhadores e se curva aos especuladores, aumentando 1 ponto percentual na taxa, já extorsiva, de 13,25%. Menos juros, mais comida no prato do povo!”, exige o presidente da Força.
De acordo com Torres, o aumento dos juros para 14,25% “é uma verdadeira extorsão aos brasileiros e ao setor produtivo” e “compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos e restringe investimentos”. O sindicalista diz ainda que o aumento irá prejudicar as campanhas salariais deste semestre, “e irão, infelizmente, dificultar e encarecer a produção no Brasil”.
Miguel Torres lembrou a grande manifestação organizada pelas centrais sindicais na manhã de ontem (18), que reuniu centenas de pessoas em frente à sede do BC, na Avenida Paulista, reivindicando a queda dos juros e “visando sensibilizar a sociedade e os membros do governo para baixar a atual taxa”, mas que não surtiu efeito na direção do Banco Central.
Para ele, “a atual política econômica está destoando dos anseios da classe trabalhadora. Elevar os juros nesse momento traz mais incertezas. A decisão trará efeitos negativos sobre a criação de empregos e renda. Os juros continuam proibitivos e o Brasil perde outra chance de apostar na produção, no consumo, na geração de empregos, na educação e na saúde pública”.
“Vale destacar que juros altos sangram o País e inviabilizam o desenvolvimento. O pagamento de juros, por parte do governo, consome e restringe consideravelmente as possibilidades de crescimento do País, bem como os investimentos em educação, saúde e infraestrutura, entre outros”, diz Torres.
“O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa Selic para 14,25% ao ano, dificultando a reindustrialização do país e agravando a crise para milhões de brasileiros e brasileiras”, acusa o dirigente da CTB.
Adilson Araújo argumenta que, no entanto, “os números mostram que esse caminho não faz sentido! Dados da OCDE revelam que o Brasil cresceu 3,4% em 2024, com inflação relativamente baixa. Mesmo assim, o Banco Central insiste na escalada dos juros, atendendo aos interesses do mercado financeiro em vez de fortalecer o desenvolvimento nacional”.
O sindicalista afirma ainda que “é lamentável que Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, e o Conselho de Política Monetária insistam em se fazer de garçom para atender os reclames da Faria Lima. O ‘Deus Mercado’ não sabe quanto custa o feijão no supermercado”.
“A CTB segue firme na luta por um modelo econômico que priorize a reindustrialização, os investimentos e a valorização do trabalho. Só assim construiremos um Brasil mais justo e desenvolvido”, finaliza o dirigente sindical.
Esse novo aumento da taxa Selic “atende aos interesses única e exclusivamente dos banqueiros, agiotas e rentistas e prejudica a classe trabalhadora, impedindo o desenvolvimento do país”, afirma a direção da CUT, destacando que “as sistemáticas elevações da taxa Selic resultam em maior aumento do custo do serviço da dívida pública, pressionando as contas do governo federal e limitando seu espaço fiscal para investimentos em infraestrutura e políticas sociais”.
Conforme a entidade, “aumentar os juros em um cenário de inflação de oferta pode desacelerar ainda mais a economia, reduzindo o consumo e o investimento sem resolver a causa raiz da inflação”.
Referindo-se à luta contra a carestia, que já mobiliza as famílias e entidades da sociedade civil, a direção da central afirma que “é necessário e urgente dar um basta na elevação da taxa Selic, iniciando gradualmente a sua redução, retomando com força o armazenamento de estoques reguladores, para enfrentar as sazonalidades e fazer frente às manobras de especuladores em sua incessante e insana busca por lucratividade e maiores dividendos, em prejuízo dos que mais precisam. O Banco Central e o governo federal devem priorizar o combate às causas reais da inflação, em diálogo com a sociedade e os movimentos sociais”, afirma.