Valor de R$ 1.212 poderá não repor nem mesmo a inflação de 2021
O salário mínimo nacional a partir de 1° de janeiro de 2022 será de R$ 1.212,00. O valor, que foi corrigido a partir da inflação indicada pela prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), marca mais um ano de zero aumento real (sem correção acima da inflação) no piso dos trabalhadores sob o governo Bolsonaro.
Estabelecido através de medida provisória publicada em Diário Oficial nesta sexta-feira (31), o mínimo será R$ 112 maior do que o que vigorou em 2021, de R$ 1.100 – representando uma correção de 10,18%.
O INPC, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula em um cenário de crise inflacionária 10,98% até novembro. Para estabelecer a correção pela inflação, foi usado como referência a prévia do indicador, que apenas será oficialmente conhecido em janeiro.
Sem aumento real e correndo o risco de nem ao menos compensar a inflação do ano anterior (2021), o salário mínimo atual viola os preceitos da Constituição de 88, que estabelece que o piso nacional deve ser capaz de atender às necessidades vitais básicas do trabalhador e sua família. Além disso, deve ser reajustado periodicamente de forma que mantenha o poder aquisitivo dos trabalhadores.
Com a constante alta dos custos de vida – em especial os mais elementares, como alimentação e moradia – o Dieese calcula que o salário base deveria ser de R$ 6.000 mensais para suprir as necessidades básicas de uma família, ou seja, quase cinco vezes o valor estabelecido para o ano novo.
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Em algumas regiões do país, a cesta básica já custa quase 70% do salário, como no caso de Florianópolis (R$ 710,53). O valor de R$ 1.212 não chegará a ser suficiente para comprar duas cestas básicas por mês na cidade de São Paulo em janeiro, segundo o Dieese.
A projeção é que o conjunto de alimentos básicos custará em torno de R$ 700 na capital paulista em janeiro.
Mas a cesta não é a única despesa de uma família e a alta de preços anda generalizada, com aumentos que impactam gravemente nas condições de vida, como do gás de cozinha (que acumula aumento de 38% em 2021), energia elétrica (14,67%) e do aluguel (17,78% pelo IGMP).